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Opinião

O centenário dos direitos da classe trabalhadora

O editorial da Folha Metalúrgica desta semana traz a importância da mobilização contra a exploração e opressão da classe trabalhadora e faz um resgate histórico da principais greves no país e no mundo

Imprensa SMetal
Reprodução
O jornal Cruzeiro do Sul do dia 17 de julho de 1917 noticiou que 10 mil trabalhadores da cidade haviam aderido à greve.

O jornal Cruzeiro do Sul do dia 17 de julho de 1917 noticiou que 10 mil trabalhadores da cidade haviam aderido à greve.

Cem anos atrás, em 1917, trabalhadores de várias partes do mundo, inclusive do Brasil, estavam se unindo para exigir liberdade, dignidade humana, respeito à organização da classe trabalhadora e melhores condições de trabalho e de vida.

No Brasil, trabalhadores e trabalhadoras, fartos de serem explorados, vivendo em situação próxima da miséria, sem direitos sociais e trabalhistas garantidos; e revoltados por serem perseguidos e tratados com violência pelas forças policiais; cruzaram os braços em diversas regiões do país.

Sorocaba, que já iniciava sua tradição operária e tinha uma população estimada em 40 mil habitantes, teve participação expressiva no movimento. O jornal Cruzeiro do Sul do dia 17 de julho de 1917 noticiou que 10 mil trabalhadores da cidade haviam aderido à greve.

O mesmo jornal destacou a reivindicação por melhores salários, contra o aumento do custo de vida, por redução da jornada de trabalho. A paralisação em Sorocaba atingiu comércio, fábricas de tecidos, de chapéus, de calçados, de arreios e transporte público (bondes).

As categorias profissionais mais organizadas e resistentes conquistaram melhorias depois da greve de 1917, como aumento de salários, descanso semanal remunerado e redução da jornada. Mas o mais importante foi que a classe trabalhadora descobriu a importância da mobilização contra a exploração e a opressão.

Nas décadas de 20 e 30 do século XX muitas outras greves aconteceram no Brasil. Cada vez mais categorias foram conquistando direitos, como alimentação no local de trabalho, férias, indenizações por demissão, entre outras.

No início da década de 40, o presidente Getúlio Vargas, espertamente, compilou as conquistas trabalhistas que vinham acontecendo em um documento chamado Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); e as estendeu a todos os trabalhadores com carteira assinada.

Nas décadas seguintes a CLT continuou sendo revisada para se adaptar às modernizações do mercado de trabalho. É essa mesma CLT, que começou a ser gerada cem anos atrás, que o presidente ilegítimo Temer e os demais golpistas querem roubar da população.

Mas não foi só no Brasil que, cem anos atrás, os direitos da classe trabalhadora e a queda de braço com a burguesia opressora começaram a ser tema de protestos.

Em outubro daquele ano aconteceu um dos principais fatos históricos da luta popular mundial contemporânea, a revolução russa, que contestou duas das principais formas de legitimação da opressão contra a classe trabalhadora da época: a monarquia absolutista e o capitalismo selvagem.

Ao derrubar a ditadura dos Czares e, ao mesmo tempo, negar-se a adotar o modelo capitalista exploratório da desigualdade social, os russos ousaram apontar uma outra via para a organização social, com base na distribuição de renda e riquezas e na justiça social.

As experiências práticas do socialismo nas décadas seguintes — e os erros de alguns governantes desse modelo — podem até ser debatidas, mas a esperança de justiça, igualdade e harmonia social que a revolução de 1917 trouxe à classe trabalhadora são inegáveis.

Agora, cem anos depois, no Brasil, voltamos à luta para manter os direitos e as esperanças das camadas populares e trabalhadoras da sociedade. Juntos devemos exigir não às reformas e Fora Temer! Fora golpistas!

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