O ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), e o empresário Eike Batista, outrora o homem mais rico do Brasil, são os principais alvos da Operação Eficiência, desdobramento da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira 26 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Eike está no exterior e não foi encontrado pelas autoridades. De acordo com informações prestadas por seu advogado ao canal GloboNews, Eike voltará ao Brasil para se entregar. Em 2016, o empresário se apresentou voluntariamente às autoridades e prestou um depoimento, que culminou na malfadada tentativa de prender o ex-ministro Guido Mantega.
O empresário é acusado de pagar 16,5 milhões de dólares em propina para Cabral em 2010, em apenas uma das várias suspeitas que pesam contra o ex-governador. Segundo o MPF, a operação teria sido realizada por meio da venda fictícia de uma mina de ouro.
O dinheiro, sustentam os procuradores, foi pago pela Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, para Arcadia Associados, em troca de uma suposta intermediação na venda da mina de ouro. A Arcadia recebeu os valores ilícitos, diz o MPF, em uma conta no Uruguai, em nome de terceiros mas à disposição de Sérgio Cabral. A origem dos valores seria a conta Golden Rock no TAG Bank, do Panamá.
Ainda segundo os investigadores, Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e apreensão em endereço vinculado a Batista em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcádia. Na oportunidade os três investigados orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro, dizem os procuradores.
“De maneira sofisticada e reiterada, Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública”, afirmam.
A Operação Eficiência foi autorizada pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que decretou nove prisões preventivas (por tempo indeterminado), quatro conduções coercitivas e o cumprimento de buscas e apreensões em 27 endereços em três municípios do Rio (Niterói, Miguel Pereira e Rio Bonito) e na capital do estado.
Entre os alvos das prisões estão Cabral e seus ex-assessores Carlos Miranda e Wilson Carlos, este ex-secretário de Governo do Rio, que foram alvo da Operação Calicute e estão presos. Além deles, estão na lista Eike Batista e o advogado Flávio Godinho, investigados por corrupção ativa com o uso de contrato fictício, e quatro outras pessoas apontadas como integrantes da organização criminosa liderada por Cabral, segundo o MPF: Álvaro Novis, Sérgio de Castro Oliveira, Thiago Aragão e Francisco Assis Neto.
Entre os alvos dos mandados de condução coercitiva estão Susana Neves e Maurício Cabral, ex-mulher e irmão de Cabral. Ambos teriam sido beneficiários de “altas quantias” dos recursos ilícitos ocultados pela organização, ainda segundo o MPF.
A Operação Eficiência é um aprofundamento das investigações contra Cabral, acusado de ocultar no exterior mais de 100 milhões de dólares em propinas. “A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou 6 milhões de dólares. Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de 100 milhões de dólares em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior”, afirma o MPF.
Segundo os procuradores do Rio, apenas entre agosto de 2014 e junho de 2015, quando a Lava Jato já estava nas ruas, o grupo de Cabral movimentou 39,7 milhões de reais.