As mulheres ganham salários menores, representam maioria entre os desempregados e trabalham até cinco horas a mais na semana do que os homens. Esta realidade explica porque hoje as trabalhadoras alcançaram o direito de se aposentar cinco anos antes dos homens, conquista que o governo Temer agora pretende tirar.
É por esta e outras violências que as mulheres cutistas irão às ruas no dia 8 de março. Na cidade de São Paulo, as atividades começam às 14h, em frente ao prédio do INSS, no Viaduto Santa Efigênia, 266, com assembleia das trabalhadoras cutistas contra a Reforma da Previdência, medida que tramita na Câmara dos Deputados como Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287.
Nesta proposta, as mulheres vão ter que trabalhar mais e tanto quanto os homens. Ela acaba com critérios diferentes de gênero e adota idade mínima de 65 anos para trabalhadores e trabalhadoras como condição para requerer a aposentadoria.
Ato unificado
Depois da assembleia, as cutistas se somarão ao ato unificado na Praça da Sé, cujo mote é “Aposentadoria fica, Temer sai”. Paramos pela vida das mulheres”, com concentração às 15h e caminhada às 17h. A mobilização também trata sobre a violência contra as mulheres, situação que leva inúmeras ao feminicídio.
Para a secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, as mulheres rurais, professoras e servidoras serão as principais atingidas se a Previdência for modificada. “O mais cruel desta proposta, além dos segmentos que serão afetados, é que desconsidera a nossa dupla e tripla jornada. Esta proposta vem trazer maior castigo para nós mulheres e se não barrarmos esta reforma, os direitos serão enterrados para as próximas gerações. Depois do dia 8, vamos paralisar geral no dia 15 de março”, alerta.
É neste momento que os movimentos, centrais e sindicatos devem estar unidos para fazer o enfrentamento, acredita a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Ana Lucia Firmino. “Lutamos muito para chegar até aqui e os golpistas querem tirar tudo de uma vez. Querem dar fim aos direitos trabalhistas e sociais, sem considerar a nossa realidade”, afirma.
Com o golpe, chega um pacote de maldades, diz a secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães. “Sabemos que seremos as mais atingidas. Nossa ação no dia 8 será internacional e iremos às ruas porque não aguentamos mais tanta violência, retrocesso, um sistema que humilha e exclui os filhos e filhas do Brasil, num cenário machista e preconceituoso. Não será um dia de celebração, mas de luta”, fala.