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Campanha salarial

Negociação entre G3 e FEM acontece pela primeira vez em Sorocaba

Segundo os participantes, reunião não foi conclusiva; mas houve avanços em relação à redação das cláusulas sociais; próximo encontro será dia 16, no ABC

Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal

Realizada na sede do SMetal em Sorocaba, foi a primeira negociação de campanha salarial dos metalúrgicos no interior do estado

Dirigentes de sindicatos ligados à Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM, e representantes dos empresários dos setores de autopeças, forjarias e fábricas de parafusos no estado, se reuniram em Sorocaba na manhã desta quarta-feira, dia 9, para discutir a campanha salarial da categoria.

Segundo os participantes, foi a primeira negociação de campanha salarial dos metalúrgicos realizada no interior do estado. O encontro durou duas horas e aconteceu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal).

A negociação não foi conclusiva. Foram debatidas apenas as cláusulas sociais da Convenção Coletiva dos Metalúrgicos que trabalham em empresas do chamado Grupo 3, que reúne os fabricantes do setor. A data-base da categoria venceu dia 1º de setembro.

O presidente da FEM, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, considerou produtiva a reunião com os empresários. “Hoje a reunião se deu num ambiente melhor. Conseguimos de fato tratar de algumas cláusulas sociais. Nas primeiras reuniões tivemos apenas impasses, muita choradeira dos empresários. Tivemos que endurecer o discurso para que o diálogo destravasse um pouco”, relata Luisão.

“Agora, saímos desta terceira rodada achando que vamos conseguir alguns avanços. Nossa expectativa é concluir o debate das cláusulas sociais na semana que vem e iniciar a negociação sobre as questões econômicas, os reajustes de salários”, estima o dirigente.

O coordenador da bancada dos empresários, Dráusio Rangel, também fez um balanço positivo do encontro. “Hoje discutimos algumas cláusulas sociais no sentido de melhorar a redação delas. Temos algumas cláusulas que dão margem à interpretações. A vantagem dessas negociações é que podemos chegar a um texto que evite litígios (na Justiça). Cláusula assim [bem discutida e bem escrita], cumpre-se e acabou”, explicou.

Reajuste salarial

Sobre o reajuste salarial, Dráusio explicou porque, na opinião dele, ainda não foram debatidos os reajustes salariais. “Primeiro em função da situação econômica que vivemos hoje. Segundo, porque o índice do INPC [inflação] só vai ser publicado a partir de amanhã [dia 10]”. O INPC de agosto vai compor o cálculo das perdas salariais da categoria, juntamente com os 11 meses anteriores.

O representante dos empresários disse que ainda é possível firmar o acordo salarial para o próximo holerite do trabalhador. “Como a folha de pagamento das empresas começam a ser rodadas no dia 20 de cada mês, nossa intenção é ter uma solução definitiva até lá, para que as empresas possam colocar na folha o eventual reajuste que a gente venha a acertar”.

Cláusulas sociais

O secretário-geral da FEM e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Adilson Faustino, o Carpinha, destaca a importância do debate sobre as cláusulas sociais da Convenção Coletiva para evitar perdas de direitos.

“Discutimos cláusulas importantes como férias, questões relacionadas aos aposentados, cláusula da amamentação, auxílio creche, melhores condições do dirigente sindical desenvolver suas atividades de representação sem sofrer prejuízos salariais, entre outras”, comentou Carpinha.

O dirigente da FEM e do SMetal disse também que os sindicalistas pediram aos empresários que na próxima rodada de negociações, dia 16, em São Bernardo do Campo, eles levem tanto uma proposta concreta de redação das cláusulas quanto de aumento salarial.

Demais grupos patronais

Já o presidente da FEM afirmou que as negociações dos demais grupos patronais metalúrgicos, que são o G2, G8, G10, Fundições e Esquadrias, estão no mesmo estágio do diálogo que aconteceu em Sorocaba.

“Nas primeiras rodadas de negociações, todos os grupos patronais apresentaram contrapropostas às nossas reivindicações de melhorias nas cláusulas sociais e aumento de salários. As contrapropostas empresariais eram de retirar direitos, como a estabilidade ao trabalhador aposentado, e não conceder reajustes nos pisos salariais”, afirma Luisão.

“Tivemos condições bastante desfavoráveis nas primeiras rodadas. Mas atualmente conseguimos ultrapassar essa etapa e esse cenário negativo não deve voltar. Mas ainda considero estarmos longe de chegar a um fechamento da campanha salarial.

Escolha de Sorocaba

O representante do Grupo 3, Dráusio Rangel, comentou a escolha de Sorocaba para a reunião. “Sorocaba tem um parque industrial no setor de autopeças que está entre os maiores, se não for o maior, do estado. Isso já justifica a escolha para esta rodada de negociações. Também foi bom conhecer o Sindicato local, que tem nível de primeiro mundo”, afirmou.

Luisão, da FEM, confirmou a reunião em Sorocaba foi estratégica, devido à região ser pólo do setor automotivo, por a categoria metalúrgica local ser a segunda maior da base da Federação e “também porque os trabalhadores locais estão entre os mais politizados”. Ele disse também que essa reunião será um ponto de partida para a realização de encontros da FEM em outras bases do interior do estado.

De acordo com Dráusio, as negociações com a FEM/CUT envolvem 120 mil trabalhadores do setor de autopeças no estado. “Mas considerando que cada família de trabalhador tem, em média, quatro pessoas; são quase um milhão de pessoas que dependem de uma boa negociação”, afirma.

O negociador empresarial ressalta que esse número diz respeito apenas às bases da CUT em São Paulo, pois a data-base dos metalúrgicos da Força Sindical é dia 1º de novembro.

Assembleias de mobilização

Enquanto as cláusulas sociais e o aumento de salários não é definido, os sindicatos da FEM, inclusive em Sorocaba, continuam realizando assembleias de mobilização na categoria para pressionar os empresários a agilizarem as negociações. “A união dos trabalhadores continua sendo fundamental”, alerta Carpinha.

Negociação entre G3 e FEM acontece pela primeira vez em Sorocaba

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