A matéria desta edição da Folha Metalúrgica sobre a sanção do Projeto de Lei 4302, que implanta a terceirização irrestrita no Brasil, lembra que a assinatura do presidente ilegítimo Temer ocorreu na sexta-feira, dia 31 de março. Bem no aniversário de 53 anos do golpe de 1964.
Para um governo acusado de ter chegado ao poder por meio de um golpe parlamentar, o gesto de Temer foi quase uma admissão de culpa.
A assinatura da Lei aconteceu também na data em que centenas de milhares de brasileiros saíram às ruas para exigir que fossem arquivadas as propostas de terceirização irrestrita, de Reforma Trabalhista e de Reforma da Previdência.
O recado dele, nesse caso, foi que o clamor das ruas só interessou a ele e aos seus parceiros de tramóia enquanto foi conveniente para eles ocuparem o poder.
O dia 31 também foi o dia de divulgação de uma pesquisa que mostra o crescimento da rejeição ao governo Temer. Segundo o Ibope, 55% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo. Para 79% dos entrevistados, Temer não merece confiança.
Para um presidente que chegou ao cargo pela porta dos fundos, a aceitação popular é um requisito desprezível.
Um governo que tomou o poder por meio de uma conspiração arquitetada por anos pela direita, pelos empresários mais gananciosos do país, pela Fiesp, pelo capital multinacional, por uma parcela do judiciário e pela imprensa manipuladora, não iria mesmo se importar com a opinião pública atual.
Ou seja, no último dia 31, numa só canetada, Temer deu um tapa na cara dos trabalhadores e da democracia. E outras canetadas e tapas virão se a classe trabalhadora, os estudantes, os pequenos empreendedores e os excluídos do país não se unirem imediatamente.
Caso contrário, o futuro é sombrio. Se tudo der certo para a direita, daqui para frente a população de baixa e média renda será, obrigatoriamente, submissa à elite financeira e governamental. Se os planos arquitetados pelos golpistas vingarem, os trabalhadores de hoje e do futuro formarão um estoque imenso de peças de reposição, que aceitarão qualquer subemprego em nome da sobrevivência.
Se a armadilha dos golpistas não for desarmada pela pressão popular a tempo, a democracia será cada vez mais de fachada. Aliás, no que depender de fascistas como os Bolsonaros da vida, nem fachada de democracia vai sobrar.
Numa tentativa enganosa de contar com o apoio de uma parcela desavisada da sociedade trabalhadora, Temer alega que suas reformas têm o objetivo de gerar empregos nesta época de crise [crise que ele mesmo e seus cúmplices de conluio protencializaram].
Porém, a crise é cíclica. Ela tende a passar. A questão é quanto tempo ela vai durar e quem sofrerá eventuais sequelas dela no futuro. A duração depende da estabilidade política do país e da capacidade produtiva e de consumo. Quesitos esses destroçados pelos golpistas.
Quanto à quem sofrerá sequelas de uma crise mal administrada, vai depender de preservar ou sacrificar a legislação de sustento social nesse período. Alguém tem dúvida da opção dos golpistas?
Se a preocupação de Temer fosse com os postos de trabalho, bastariam medidas provisórias, ações localizadas de aquecimento do mercado ou pactos sociais em nome da retomada do crescimento.
Mas não. O que ele pretende é mudar permanentemente as leis de proteção social, incluindo a Constituição e a CLT. Ele quer garantir na legislação que o capital financeiro tem mais valor que os direitos da população. Quer preparar terreno para privatizar todos os bens e serviços públicos possíveis no país.
As propostas do governo Temer têm o claro propósito de engessar inclusive futuros governantes, que terão grandes dificuldades em reverter o estrago.
Dia 28 de abril está aí. O quanto a população desmascarou esse governo — e o quanto não aceita mais ser manipulada por conspirações da elite burguesa e por pseudo burgueses — será demonstrada com o silêncio das máquinas nas fábricas e nos centros comerciais e de serviços.