São Paulo – O Coletivo Nacional de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizou ontem (15) o primeiro dos dois dias de reuniões para discutir estratégias de luta contra os retrocessos trabalhistas e sociais do governo interino de Michel Temer. O encontro, que ocorreu em São Paulo, reuniu presidentas estaduais, secretárias e assessoras que atuam com a questão de gênero na central.
Também presente no evento, a ex-ministra de Políticas para as Mulheres do governo Dilma, Eleonora Menicucci, que teve a pasta extinta pelo governo interino, lembrou as conquistas dos últimos anos como a Lei Maria da Penha, o Disque 180 para denúncia de violência, e o atendimento a mulheres vítimas de estupradas.
Incorporada ao ministério da Justiça, a ex-ministra diz que o órgão responsável pelas políticas de promoção dos direitos das mulheres virou um “puxadinho” do ministério da Justiça. “É como se a violência contra as mulheres fosse uma questão única e exclusivamente de polícia, e não de acolhimento, de prevenção, de atendimento, enfim, de toda uma proposta integral”, criticou a ex-ministra Eleonora, em entrevista à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT.
A secretária de Políticas para as Mulheres da prefeitura de São Paulo, Denise Motta, disse que, com o governo interino, pairam dúvidas sobre a implementação das políticas públicas aprovadas na Conferência Nacional das Mulheres, realizada em maio, e que contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff.
As sindicalistas também debateram as medidas econômicas que tiram direitos das trabalhadoras. Segundo estudo apresentado pela economista Marilene Teixeira, a reforma da Previdência apresentada pelo governo temer, que iguala em 65 anos a idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres, terá um impacto nefasto para elas.
“As mulheres ingressam no mercado de trabalho de forma muito precoce. Tem muitas interrupções de toda a sua carreira profissional, elas se afastam do trabalho pela maternidade, se afastam por motivos de doenças de familiares. Então as mulheres não conseguem compor, por exemplo, o que seria o mínimo da idade com o mínimo de contribuição”, analisa a economista.
“Em toda retirada de direitos, as mulheres são sacrificadas. Aqui a gente deve estabelecer prioridades”. A prioridade é o restabelecimento da democracia, o fora Temer e a organização cada vez mais das mulheres trabalhadoras em busca da manutenção de seus direitos”, frisou Ângela Maria de Melo, que integra a executiva Nacional da CUT.
Para as mulheres da CUT, a volta da presidenta Dilma é questão de honra: “A mulher mais importante do nosso país é atacada por machista, homofóbicos, homens brancos e ricos que detêm o poder no nosso país. Isso é grave e nós vamos continuar construindo um caminho, que é o caminho da democracia”, conclamou a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro.