As mulheres no Brasil não deveriam ganhar o mesmo salário que os homens. Deveriam ganhar mais. Essa é uma das conclusões de um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O estudo revela que, assim como no Brasil, em várias partes do mundo as mulheres são mais escolarizadas, mais experientes e, acima de tudo, mais produtivas que os homens. Ainda assim, recebem em média menos que seus parceiros.
O levantamento foi realizado com base nos partir de dados de 38 países e constatou que as mulheres ganham menos em todos eles, tanto em países ricos como nos emergentes.
Para que o salário fosse equivalente entre homens e mulheres, baseados em suas experiências e competências, o Brasil é onde as mulheres mais deveriam receber um aumento. Na prática, isso revela que a diferença entre o que as mulheres brasileiras ganham e o que produzem é a maior entre todos os países avaliados.
Pelo estudo, as mulheres brasileiras deveriam ter um salário 11% superior ao dos homens em média. O problema é que elas nem sequer ganham o mesmo que os homens. Em um cálculo baseado em salários reais, elas ganham no País 24% a menos que os homens, realizando os mesmos trabalhos.
O que o levantamento ainda aponta é que essas mulheres são mais preparadas, mais produtivas e mais rentáveis que os homens.
Se no Brasil a diferença é a maior registrada, a constatação da OIT é de que esse é um problema global. Na Europa, a diferença seria menor que no Brasil. Ainda assim, as mulheres deveriam receber 0,9% a mais que os homens pelo mesmo trabalho.
Na prática, seus salários estão 19% inferiores aos dos homens. Apesar de todos os avanços nas condições das mulheres nos países escandinavos, até mesmo na Suécia a disparidade é importante ainda.
Estados Unidos
O que a OIT também constata é que a maior diferença na remuneração está nos Estados Unidos. Para cada US$ 100 recebidos pelos homens, as mulheres recebem apenas US$ 64.
“Um dos fatores responsáveis por isso é a discriminação que ainda persiste”, disse a vice-diretora-geral da OIT, Sandra Polaski. “Pode haver fatores diferentes em países diferentes, mas certamente a discriminação faz parte disso.”
A China é um dos países onde aparentemente a produtividade é uma das mais equilibradas entre homens e mulheres. As trabalhadoras chinesas, ainda assim, mereceriam um salário 0,2% superior ao dos homens. Mas as chinesas estão efetivamente recebendo 22,9% menos do que os homens.
Ao lado do Brasil, quem lidera o ranking da maior disparidade é a Rússia. Em Moscou, as mulheres recebem em média 32,8 % menos que os homens. Se elas fossem receber pelo que produzem e pela qualificação, deveriam receber um salário 11,1% superior.
Problema é global
1. Tanto no Brasil como em vários países do mundo, as mulheres são mais escolarizadas, mais experientes e mais produtivas que os homens.
2. Levantamento foi feito em 38 países entre ricos e emergentes e, em todos, a diferença de salários entre homens e mulheres, com desvantagem para as mulheres, foi constatada.
3. No caso do Brasil, o problema se agrava porque as mulheres – que deveriam ganhar 11% mais do que os homens, em média – não ganham nem o mesmo que os homens. Cálculo baseado em salários reais, mostra que as mulheres ganham 24% menos.
4. A diferença é maior no Brasil, mas o problema é global. Na Europa, as mulheres deveriam ganhar 0,9% mais. Na prática, os salários estão 19% menor. Nos EUA, para cada US$ 100 recebidos pelos homens, as mulheres recebem US$ 64.