Nesta semana uma notícia grave causou revolta na categoria. O metalúrgico W.S, que estava internado há 18 dias após um acidente grave de trabalho no Grupo Metalvic, morreu na segunda-feira, 12. W.S tinha 23 anos, era casado e buscava suas conquistas por meio de trabalho digno. Ele estava empregado na empresa Vicfer há, apenas, três meses. Na tarde de 25 de maio, enquanto transportava um galão com álcool, o metalúrgico teve 75% do corpo afetado por queimaduras de 2º grau.
O SMetal informa que está prestando suporte à família e protocolou uma ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Gerência Regional do Ministério do Trabalho (GRT) cobrando uma investigação minuciosa dentro da empresa para aferir as condições de trabalho e segurança no local. A entidade também acionou o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).
À luz deste caso o SMetal também cobra, de todas as empresas, mais investimentos e atenção no treinamento dos trabalhadores. A integração de um funcionário à fábrica deve ser um momento em que ele irá aprender e assimilar todos os conceitos que precisa para o posto de trabalho que irá ocupar. “Quando a empresa não prepara suficientemente um trabalhador o resultado pode ser trágico”, comenta Wagner Bueno, dirigente responsável pelas negociações com o Grupo Metalvic.
“Acidente de trabalho não é uma fatalidade. Se há algum risco do trabalhador sofrer um acidente, providências devem ser tomadas e qualquer irregularidade deve ser denunciada”, recorda Antônio Welber Filho (Bizu), que é coordenador na região.
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é direito!
O caso acima também ficou marcado pela demora da empresa em enviar a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para o sindicato. O documento é preenchido com descrição do acidente e outras informações relevantes tanto para o trabalhador, quanto para a entidade sindical que o representa.
No caso da Vicfer, do Grupo Metalvic, foram quase sete dias para que os representantes encaminhassem a CAT. A Instrução Normativa nº77/2015 do INSS prevê que a empregadora deve entregar cópia do documento ao acidentado, ao sindicato da categoria e reter uma para si.
SMetal recebeu uma notificação de acidente de trabalho a cada dois dias em 2023.
Casos como o citado reforçam a necessidade de debater saúde e segurança. Até maio de 2023, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) recebeu uma CAT a cada dois dias. Isso significa, em números, que foram 71 acidentes reportados pelas empresas metalúrgicas nesse período. Em 2022, foram 315 acidentes reportados, sendo: 219 acidentes típicos; 50 acidentes de trajeto e 46 acidentes-doença.
Atualmente existem 44 mil trabalhadores na base do SMetal, que representa metalúrgicos em 13 cidades diferentes. Mencionar que foram registradas mais de 70 notificações, nos cinco primeiros meses do ano, pode parecer pouco levando em consideração o tamanho da categoria, mas, para a diretoria da entidade, não é. A prevenção aos acidentes de trabalho, e a cobrança para que as empresas forneçam condições dignas, treinamento e preparo para os trabalhadores, é uma pauta constante do SMetal. Cada uma das 44 mil vidas representadas pela instituição importam.
“Nos preocupamos, inclusive, com o contingente de acidentes que não chegam até o sindicato, pois sabemos que a subnotificação existe”, comenta o diretor executivo, Francisco Lucrécio Saldanha, responsável pelo segmento de saúde e segurança do SMetal. Para Saldanha, é fundamental pressionar pelo envio da CAT e cobrar, ainda, que as fábricas tomem a responsabilidade pelos acidentes ocasionados por uma série de erros que poderiam ter sido evitados com fiscalização de maquinário, treinamento, orientação e outras medidas que são de compromisso das fábricas.
De acordo com o banco de dados Cerest Sorocaba, foram registradas 448 notificações de acidentes de trabalho de janeiro até o momento. Já em São Roque, cidade em que ocorreu o acidente citado, são 19 casos.