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Morre líder da primeira grande greve contra a ditadura militar

Militante histórico do movimento sindical brasileiro, o metalúrgico José Ibrahim, 66 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, em São Paulo, no último dia 2 de maio. Ele liderou a greve em 1968

Imprensa SMetal
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O resultado da autopsia não havia sido divulgado até dia 6, mas amigos de Ibrahim declararam à imprensa que ele tinha problemas de saúde

O resultado da autopsia não havia sido divulgado até dia 6, mas amigos de Ibrahim declararam à imprensa que ele tinha problemas de saúde

Militante histórico do movimento sindical brasileiro, o metalúrgico José Ibrahim, 66 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, em São Paulo, no último dia 2 de maio. Ibrahim foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e liderou uma greve em 1968 que é considerada o primeiro grande protesto de trabalhadores após o golpe militar de 1964.

Ainda não há confirmação sobre a causa da morte do sindicalista, mas há suspeita de infarto.
A vida de José Ibrahim foi marcada por sua dedicação à redemocratização do país e por seu apoio aos movimentos sindicais e populares que se rebelavam contra a ditadura. Ele teve passagem inclusive pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, no início dos anos 80.

Após liderar a greve de 1968, que foi reprimida pelo regime militar, o sindicalista foi demitido sem direitos pela metalúrgica onde trabalhava e entrou para a clandestinidade. Passou a atuar na resistência armada Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Prisão e exílio

Preso no início de 1969, Ibrahim foi torturado na Operação Bandeirantes (OBAN) e no Departamento de Ordem e Política Social (DOPS), em São Paulo. No final do mesmo ano, foi um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado por membros de grupos revolucionários brasileiros, como MR8 e VPR. O sequestro é narrado no livro “O que é isso companheiro?”, de Fernando Gabeira, e no filme de mesmo nome.

Após ser libertado, o sindicalista se exilou fora do país e só voltou ao Brasil em 1979, com a promulgação da Lei da Anistia, que anistiou os brasileiros que tiveram seus direitos políticos e liberdades individuais suspensos pela ditadura.

Em 1980, o sindicalista participou da fundação do PT e, em 1983, da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em Sorocaba

Ainda no início dos anos 80, Ibrahim foi um dos fundadores do Centro de Assessoria e Publicações Sindicais (CAPS), que ministrava cursos e elaborava boletins informativos para trabalhadores dispostos a derrotar diretorias sindicais ligadas à ditadura. Entre os trabalhadores que participaram desses cursos havia membros da oposição metalúrgica de Sorocaba, como João Batista da Silva.

Em 1983, com a vitória da chapa liderada por Wilson Fernando da Silva, o Bolinha, o CAPS foi contratado para assessorar a diretoria, já vinculada à recém-fundada CUT.
Anos depois, Ibrahim filou-se ao PV e, depois, ao PDT. Recentemente, participou da fundação da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e vinha participando da Comissão Nacional da Verdade, com depoimentos sobre a ditadura militar.

A morte

Atualmente, morava com a família no bairro Pinheiros, em São Paulo. Torcedor do Corinthians, na quarta-feira à noite Ibrahim assistiu à derrota do time paulista contra o Boca Juniores, da Argentina, e foi dormir após o final. Na quinta-feira de manhã, a mulher Helena saiu para trabalhar e o filho Gabriel, de 16 anos, foi para a escola. Quando o jovem voltou para casa, por volta das 13h, encontrou o pai morto na cama do casal.

O resultado da autopsia não havia sido divulgado até dia 6, mas amigos de Ibrahim declararam à imprensa que ele tinha problemas de saúde e a causa provável é infarto.

O corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e o sepultamento ocorreu no final da tarde de sexta-feira, no Cemitério Bela Vista, em Osasco.

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