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Montadoras aguardam flexibilização do IPI

Futura media valerá para as marcas que já protocolaram intenção de produzir em solo nacional

DCI/CNMCUT

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e as montadoras aguardam para esta semana o novo regime automotivo do governo federal, que deve contemplar a flexibilização do aumento do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para as marcas que já protocolaram intenção de produzir em solo nacional. Segundo apurou o DCI junto ao Ministério o assunto está em discussão inclusive na presidência da República, mas ainda não há uma resposta definitiva sobre a questão. A expectativa do MDIC é de que a regulamentação saia o mais rapidamente possível.

Enquanto isso, expectativa também figura como palavra de ordem no setor automotivo. Além das chinesas JAC e Chery, que esperam a flexibilização do IPI, o governo do Espírito Santo também aguarda ansiosamente pelo novo regime automotivo. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento do Estado, cinco grupos estão em negociação com o governo local para instalarem suas fábricas no ES, mas isso só deve ocorrer caso haja flexibilização do IPI para essas empresas.

“O novo pacote pode não ser a menina dos olhos das montadoras que pretendem se instalar aqui, mas o setor espera que haja um equilíbrio na decisão do governo”, afirmou o secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Márcio Felix. Ele não revelou quais montadoras pretendem fechar negócio com o Estado, porém, ressaltou que a maioria dos interessados ainda não possui fábrica no País. É o caso da importadora Brasil Montadora de Veículos (Bramo), que assinou nesta semana um protocolo de intenções para construir uma planta em Linhares (ES) para fabricar modelos das asiáticas Haima, Changan (ex-Chana) e SsangYong, hoje importadas.

“A decisão de aportar no Brasil já foi tomada há muitos anos. Estamos otimistas e acreditamos que haverá flexibilização do IPI”, afirmou o presidente da Bramo, Abdul Ibraimo. De acordo com o executivo, a produção no País será feita, inicialmente, em sistema de montagem (CKD). A expectativa é que, já no primeiro ano, haja de 10% a 15% de índice de nacionalização, número que deverá aumentar ao longo dos anos até atingir o mínimo exigido pelo governo (65%), no quarto ou quinto ano de atuação.

O aporte da Bramo estimado para a construção da fábrica no ES é de US$ 300 milhões, que deverá ser parcialmente financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Ibraimo, a produção das marcas asiáticas deve começar no último trimestre de 2013 e já em 2014 poderá atingir a marca de 10 mil unidades no ano. “A receptividade do governo brasileiro tem sido ótima”, afirma .

As vendas da marca SsangYong caíram cerca de 30% desde a entrada em vigor do aumento de IPI para carros importados. Ibraimo aposta, no entanto, que a situação deve se reverter uma vez que as linhas de montagem das asiáticas se instalarem no País. “Queremos montar no Brasil”, afirma.

Com a definição acerca do IPI, o secretário de Desenvolvimento do ES acredita que 2 ou 3 montadoras acertem sua chegada no Estado. “Vamos presenciar uma sequência de anúncios caso a flexibilização do IPI saia”, diz. Ele destaca que montadoras, fornecedores e prestadores de serviços já procuraram o governo local após o anúncio da Bramo. “Esse é um sinal de que ninguém quer ficar fora de um dos maiores mercados do mundo”, afirma.

Procurada, a chinesa Chery – que anunciou a construção de uma fábrica em Jacareí (SP) – afirmou que nenhum posicionamento oficial chegou à montadora. A expectativa, no entanto, é que o resultado da discussão saia nas próximas semanas.
A também chinesa JAC Motors, que já anunciou a construção de sua planta brasileira no Nordeste, afirmou que as informações acerca da flexibilização do IPI são só “rumores”. Para a marca, a expectativa é que o anúncio seja feito ainda nos próximos dias.

Anfavea

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, a entidade é a favor de novos entrantes no mercado interno, porém, com ressalvas. “A concorrência traz progresso para o País. No entanto, buscamos isonomia em relação aos investimentos feitos pelas montadoras que já estão aqui”, disse.

E parece que o aumento do IPI para carros importados já surtiu efeito. Segundo divulgado pela Anfavea, ontem, o licenciamento desse tipo de veículo passou de 67,9 mil, em janeiro deste ano, para 61,1 mil no mês seguinte. “Já notamos pequena redução da participação de importados no mercado nacional”, diz Belini. Ele destaca, porém, que ainda há uma participação significativa de estrangeiros nas vendas de concessionárias. No acumulado do bimestre vigente, foram comercializados 129,1 mil veículos importados, aumento de 8% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Já a produção de veículos no mercado brasileiro somou 217,8 mil unidades em fevereiro deste ano, alta de 2,9% ante janeiro. No entanto, despencou 26% em relação ao mesmo período de 2011. “Férias em janeiro, carnaval e ajuste dos estoques contribuíram para essa queda, que consideramos sazonal”, justifica Belini. Nos dois primeiros meses do ano, 429,6 mil veículos foram produzidos, uma queda de 19,5% sobre o mesmo período de 2011.

No mês passado, as vendas totais de veículos no mercado interno atingiram 249,5 mil unidades, queda de 7% ante janeiro e recuo de 9% em relação a fevereiro do ano passado. O licenciamento de veículos atingiu 517,8 mil unidades nos dois primeiros meses de 2012, o que é contabilizado como estável em relação ao mesmo período do ano passado, uma vez que houve queda de apenas 0,2% na comparação.

A Anfavea manteve suas previsões para 2012, com projeção de crescimento do mercado de cerca de 4% a 5%. As perspectivas de incremento da produção giram em torno de 2%, condicionadas à confirmação da entidade para as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) que, segundo a Anfavea, deve ficar em 3,5% para este ano.
Fonte: DCI

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