Em ato na manhã de ontem, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, protestaram em frente a uma concessionária da montadora em Moema, zona Sul da capital paulista, contra as 500 demissões anunciadas em 25 de maio.
O objetivo era deixar claro à sociedade e clientes da marca a forma desrespeitosa que a empresa vem tratando os metalúrgicos no ABC.
Cerca de 300 companheiros que estavam em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho) conversaram com pedestres e distribuíram panfletos explicando a luta da categoria pela manutenção dos empregos na fábrica.
“O Sindicato mantém firme a disposição de luta contra qualquer atitude unilateral que a Mercedes possa tomar”, afirmou o coordenador geral
do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max. O dirigente declarou que os companheiros seguem uma agenda de mobilizações para os próximos dias.
A montadora oficializou, por meio de telegramas enviados desde a semana passada, a demissão dos companheiros que estão em layoff há um ano e deveriam retornar no próximo dia 15. Na última segunda, 7.500 trabalhadores ligados a produção entraram em férias coletivas, com volta prevista para 16 de junho.
Apoio
O IG Metall, sindicato nacional dos metalúrgicos da Alemanha, apoia o movimento e enviou carta em solidariedade aos trabalhadores. Segundo a entidade alemã, será solicitado que as fábricas não produzam caminhões destinados a suprir a falta de veículos que pode ser causada caso os metalúrgicos no Brasil se vejam forçados a entrar em greve prolongada.
“A empresa não reconhece que quem faz seus melhores produtos são os trabalhadores que dedicam uma vida inteira à fábrica. Eles só estão pedindo o seu emprego de volta”, declarou o diretor Administrativo do Sindicato e CSE na montadora, Moisés Selerges. “Sabemos da difícil situação do setor, mas os trabalhadores seguem lutando pelo Programa de Proteção ao Emprego, o PPE”, continuou.
O PPE inverte a lógica atual, que beneficia o trabalhador quando ele já está desempregado. A proposta é para que seja mantido o emprego e o vínculo com a empresa, garantindo que ele se mantenha no posto de trabalho em momentos que a produção estiver em baixa. “Com isso, se cria uma garantia do emprego e também o retorno da atividade normal, com o reestabelecimento do mercado”, concluiu Moisés.
Em abril, após negociação com o Sindicato, a Mercedes cancelou as demissões anunciadas para o início de maio.
A suspensão da greve foi aprovada durante assembleia. Os trabalhadores na Mercedes entraram em greve por tempo indeterminado no dia 22 de abril, após a empresa ter feito o anúncio de demissão dos companheiros por meio de comunicado à imprensa.
Na época, o Sindicato encaminhou ofícios ao governo federal com pedido de urgência na adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e de outras medidas de estímulo à economia.