Na trajetória do Brasil das últimas décadas, os metalúrgicos despontaram como uma categoria profissional singular, capaz de fabricar produtos de excelência nacional e internacional e, ao mesmo tempo, lutar com garra pelos seus direitos trabalhistas e sociais.
A categoria foi reconhecida, aqui e no exterior, também pela capacidade de ser propositiva. Ela não apenas faz reivindicações trabalhistas e luta por elas. Ela apresenta projetos de melhorias coletivas, nas fábricas e na sociedade.
Trata-se de um conjunto de trabalhadores que também ousou buscar seu espaço representativo em todos os fóruns de debates sociais, como aqueles ligados à educação, saúde, habitação, cultura, geração de renda e de emprego, etc. Da mesma forma, batalhou e batalha para que a categoria e a classe trabalhadora representem opções sérias de poder político na democracia.
Porém, em alguns momentos da história recente, os metalúrgicos acabaram por se fragmentar, tiveram seu potencial diluído devido à devastação provocada pela direita conservadora; que usa de todos os meios possíveis para pregar o individualismo em detrimento do interesse coletivo da classe.
O resultado desse descuido foram a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, entre várias leis aprovadas nos últimos meses para acabar com os direitos da grande maioria da população brasileira. E o terror não para por aí. Logo os governantes atuais – e seus pelegos – vão tentar nos impor a reforma da previdência.
Diante dessa enxurrada de perdas e de desafios, muitas organizações sociais e sindicais começaram a deixar suas diferenças pontuais de lado e priorizar aquilo que interessa de imediato: resgatar os direitos trabalhistas e sociais e evitar que novos prejuízos assombrem o presente e o futuro da população das classes mais baixas e médias.
Os metalúrgicos, resgatando também sua vocação para a unidade em defesa dos trabalhadores, fazem parte dessa corrente social que não aceita ver direitos básicos e históricos serem pisoteados pelos usurpadores que ocuparam o poder.
Por isso, no dia 14 deste mês, metalúrgicos de todo o Brasil vão participar do Dia Nacional de Luta, Protestos e Greve, organizado por um coletivo de entidades sindicais que representa 2 milhões de trabalhadores da categoria no país.
Esse coletivo reúne sindicatos de metalúrgicos da CUT, Força Sindical, UGT, Intersindical, Conlutas e CTB. Estão juntas diversas federações e confederações de metalúrgicos ligadas a essas centrais, incluindo a FEM/CUT e a CNM/CUT.
O objetivo dos protestos e greves do dia 14 é iniciar uma frente de lutas para impedir a aplicação da terceirização, da reforma trabalhista e barrar a aprovação da reforma da Previdência.
Além disso, os sindicatos, federações e confederações estão se propondo a ser solidários nas campanhas salariais dos metalúrgicos de diversas regiões do país que têm data-base nos próximos meses.
A data-base anual dos metalúrgicos da FEM/CUT, da qual o SMetal é membro, por exemplo, é nesta sexta-feira, dia 1. Mas até agora não há sinal dos patrões aceitarem a pauta de reivindicações dos trabalhadores, que inclui medidas de proteção contra os prejuízos da terceirização irrestrita e da reforma trabalhista.
Enfim, as entidades de representação dos metalúrgicos estão se unindo para fortalecer e impedir prejuízos para a categoria no país inteiro. Mas esse gesto de desprendimento e superação do individualismo não terá efeito se cada trabalhador, em cada fábrica, não fizer o mesmo e participar dessa empreitada coletiva.