Com eleições em 77 fábricas, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) faz nestas terça e quarta-feira (14 e 15) o primeiro turno do processo eleitoral para escolha da nova diretoria, deste ano até 2010. A primeira fase compreende a escolha dos representantes da categoria nos comitês sindicais de empresa (CSEs), sistema adotado a partir de 1999, priorizando os locais de trabalho. Dos eleitos agora, nos comitês, serão definidos o presidente e a direção executiva, em 26 e 27 de abril.
O sindicato representa 73.840 trabalhadores, sendo 11.445 mulheres. A base inclui os municípios de São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Segundo a entidade, o número de representantes de cada CSE depende de quantidade de trabalhadores sindicalizados na fábrica. Desta vez, serão eleitos 244, sendo 239 nos locais de trabalho e cinco no CSA, comitê dos aposentados. Em abril, a base escolhe a nova direção, composta por 33 integrantes.A apuração do primeiro turno será realizada na próxima quinta-feira (16), com anúncio dos resultados no dia 24.
“A escolha da nova direção acontece num momento crucial da nossa história. É hora de todas as entidades compromissadas com os trabalhadores estarem ainda mais fortes, mais unidas, mais representativas. A nossa eleição, com o grau de participação que estamos sentindo, vai nos dar ainda mais condições de lutar com todas as forças contra esse verdadeiro desmonte de direitos que está sendo tramado pelo governo”, diz o presidente da entidade, no cargo desde 2013, Rafael Marques, trabalhador da Ford, onde o primeiro turno já foi realizado por causa de férias coletivas na fábrica, assim como na metalúrgica Cosma, também em São Bernardo.
Rafael substituiu por dois anos o então presidente, Sérgio Nobre (funcionário da Mercedes-Benz), que havia saído para ocupar a secretaria geral da CUT. Foi eleito em 2014, para um mandato que termina em 19 de julho, quando assume a nova direção.
Lula e João Ferrador
Nesta segunda-feira (13), véspera das eleições dos metalúrgicos, morreu aos 85 anos o jornalista Antônio Carlos Félix Nunes. No início dos anos 1970, ele idealizou o personagem João Ferrador, que se tornou ícone da categoria e durante anos esteve nas páginas da Tribuna Metalúrgica, jornal do sindicato. Tornou-se conhecido pelo bordão “Hoje eu não tô bom!”.
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João Ferrador, antológico personagem criado por Félix Nunes, ícone da categoria metalúrgica
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou no Facebook mensagem para homenagear Félix Nunes, a quem chamou de “pioneiro da comunicação sindical”. “Autodidata, aprendeu o ofício sozinho, editou jornais de dezenas de sindicatos, fundou a Tribuna Metalúrgica e soube, junto com os companheiros trabalhadores, driblar com inteligência e dignidade os anos mais duros da censura imposta pela ditadura militar. A mensagem de João Ferrador continua viva em milhões de trabalhadores neste país.”
O personagem surgiu ainda na gestão de Paulo Vidal, no então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. Em 1975, Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, foi eleito pela primeira vez – e reeleito em 1978, nos dois casos em chapa única.