A falta de transparência e divergências referente às metas e valores da segunda parcela do Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2022 resultou em um protesto de duas horas em frente à metalúrgica Dana, em Sorocaba, na manhã desta quinta-feira, 26. Durante a paralisação, os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) e os trabalhadores da empresa deliberaram pelo protocolo de pauta solicitando a revisão do PPR e, caso não haja avanços, a realização de greve.
De acordo com o diretor executivo do SMetal, Antônio Welber Filho (Bizu), um dos responsáveis pelas negociações com a fábrica, houve uma diferença significativa no valor da segunda parcela do PPR e faltou clareza na divulgação das metas para que os indicadores pudessem ser melhorados ao longo do Programa.
Ele lembrou que um dos critérios para negociações de PPR, aprovados pela categoria em assembleia geral promovida em fevereiro de 2022, prevê que “a empresa fica obrigada a apresentar até o 15º dia do mês o relatório das metas do mês anterior, caso não apresente, as metas daquele mês considerar-se-ão atingidas”.
“Essa é uma cláusula muito importante e deve ser respeitada. Pois com a divulgação do relatório de metas, os trabalhadores podem verificar, mês a mês, o que melhorar na produção ou mesmo o Sindicato pode negociar a correção desse indicador. Nem o sindicato nem a Comissão administram a fábrica e cabe a ela trazer a informação sobre problemas com alguma meta, pois é de interesse fábrica que não haja desperdício ou peças fora do padrão esperado”, enfatizou Bizu.
Segundo ele, após várias tentativas de negociação com a empresa, na tarde da última segunda-feira, 25, o Sindicato recebeu a negativa da mesma sobre uma possível revisão dos valores e metas da segunda parcela do PPR e decidiu levar aos trabalhadores da Dana a decisão de quais os próximos passos para serem tomados. Após aprovação dos metalúrgicos, a entidade protocolou a pauta com o pedido de negociação e o aviso de greve.
Leandro Soares, presidente do Sindicato, lembrou que não é incomum que haja a necessidade de revisão de metas e valores ao longo do Programa e, nesses casos, o Sindicato sempre esteve à disposição para negociar melhorias. “Nós iremos trabalhar fortemente para reverter essa situação na Dana, igual fizemos em outras empresas, como na Apex e na ZF do Brasil, nas quais conseguimos, com diálogo, garantir 100% das metas”, destacou.
O presidente do SMetal também parabenizou os trabalhadores pela disposição de luta demonstrada durante o protesto. “A paralisação de duas horas impacta positivamente nas negociações do Sindicato e da Comissão. Aprendi dentro do movimento sindical que o silêncio das máquinas é o maior barulho no ouvido de um empresário. E é esse barulho que eles estão sentindo lá dentro da produção hoje”, disse.
Trabalhadores merecem respeito
Durante o protesto, o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, fez a leitura da pauta solicitando uma reunião para negociar a revisão das metas e valores da segunda parcela do PPR e reforçou a importância da unidade dos trabalhadores para conquistar avanços. “Estamos protocolando esse documento para que tenhamos um espaço para discutir essa reivindicação, mas isso não significa que vamos ter. Por isso é tão importante o protesto de hoje e, caso necessário, o movimento de greve”, destacou.
E completou: “Essa mobilização não é somente para buscarmos a solução do PPR, é para buscar respeito e dignidade. Estamos há tempos fazendo o esforço de construir tudo a base do diálogo, mas quando é necessário a gente faz o movimento e sabemos fazer muito bem”.
Além da revisão do PPR, os dirigentes sindicais relembraram outras pautas nas quais têm enfrentado dificuldade em discutir com a empresa. A valorização salarial, debatidas em grande parte da categoria; melhorias no convênio médico; excesso de horas extras e a falta de um calendário anual de dias pontes são algumas delas.
Denuncie represálias
No final do protesto, os dirigentes do SMetal solicitaram que os trabalhadores denunciem à entidade qualquer represália ou pressão que possam sofrer ao retornar ao local de trabalho. A denúncia pode ser feita diretamente aos diretores, pelo telefone (15) 3334-5400 e WhatsApp (15) 99714-9534, ou ainda pelo canal de denúncia anônima do Portal SMetal (acesse aqui).