O resultado do INPC de junho foi influenciado principalmente pelas quedas nos itens alimentação, bebidas e transportes
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/IBGE) do mês de junho registrou queda de 0,10. Com o resultado, em dez meses desde a última data-base dos metalúrgicos da CUT no Estado de São Paulo (setembro de 2022), a inflação está acumulada em 3,94%. O INPC foi divulgado pelo IBGE nesta terça-feira, 11 de julho.
Faltam ainda os registros dos meses de julho e agosto para fechar o percentual que serve de parâmetro para as negociações da Campanha Salarial dos sindicatos filiados à Federação dos Metalúrgicos da CUT-SP (FEM-CUT/SP). No mesmo período do ano passado, a inflação estava acumulada 9,82%.
O resultado de junho foi influenciado principalmente pelas quedas em alimentação, bebidas e transportes. Para Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), o índice desse mês demonstra melhorias na situação econômica no país, especialmente referentes ao acesso da população a itens básicos, como alimentação e combustível.
“A redução no preço dos combustíveis, ocasionado a partir mudança na política da Petrobras no Governo Lula, por exemplo, impacta não só na hora do trabalhador abastecer, mas também nos preços dos produtos do supermercado que, em sua maioria, são transportados pelas estradas de um local para o outro. É uma reação em cadeia, o que resulta em uma inflação controlada e baixa”, explica.
Para os meses de julho e agosto a previsão é também de índices baixos ou até mesmo deflação. A expectativa está atrelada à própria sazonalidade do mercado para o período. “O cenário que os trabalhadores devem encontrar nesta Campanha Salarial é de inflação baixa e, com certeza, de muita luta. Por isso, mais do que nunca, precisamos da unidade da categoria para garantir a manutenção dos nossos direitos e, acima de tudo, conquistar aumento real nos salários”, enfatiza.
Impactos dos juros na economia
Um dos eixos da Campanha Salarial de 2023 é a luta pela redução da taxa de juros e não é à toa. Conforme explica o supervisor do escritório regional São Paulo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e economista Fernando Lima, ao estagnar a taxa Selic em um percentual extremamente alto, de 13,75%, coloca o país em um cenário de desaceleração da economia, impactando diretamente na inflação.
“Uma vez que a taxa de juros Selic fique menor, há um espaço para que a economia do Brasil cresça em um ritmo mais adequado aos desafios que a sociedade brasileira vive. Por isso é tão importante que o Copom reduza a taxa Selic, para que a economia fique mais aquecida”, contextualiza o economista.
Para Leandro Soares, além de colaborar para o consumo dos trabalhadores, a redução da taxa de juros pode impactar também na geração de empregos e, por isso, é tão importante ter destaque em todas as reivindicações da classe trabalhadora.
“Não é de hoje que o movimento sindical vem defendendo a redução da taxa de juros no país, justamente por conta desse cenário de desaceleração da inflação. A deflação comprova que estávamos certos e não existe justificativa plausível para que o Banco Central não baixe a taxa de juros e vamos cobrar até que haja mudança”, conclui.
Além da redução da taxa de juros, fazem parte dos eixos da Campanha Salarial 2023: reposição da inflação; aumento real; valorização dos pisos salariais; valorização das Convenções Coletivas de Trabalho e redução de jornada sem redução de salário. O tema deste ano é “A Luta Continua Pela Reconstrução dos Direitos, dos Salários e da Democracia”.
A pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2023 já foi entregue às bancadas patronais e as negociações devem começar nas próximas semanas.
Entenda como serão as negociações da Campanha Salarial 2023
