O operador de prensa Flávio Odilei Oliveira, 31 anos, teve a perna direita amputada acima do joelho, após passar por três cirurgias no Hospital Leonor Mendes de Barros, em Sorocaba. Ele sofreu acidente de trabalho por volta das 16h de segunda-feira, dia 2, na Iperfor, em Iperó, onde trabalha há quatro anos.
Somente nesta sexta-feira, dia 6, cinco dias após o acidente, ele recebeu alta para sair da UTI e ir para um quarto. De acordo com Denise, esposa do metalúrgico, os administradores da empresa até agora não fizeram contato com ela.
Denise conta que os primeiros socorros foram feitos pelo enfermeiro Joel Vieira, da Iperfor e, depois, levaram Oliveira para o pronto socorro de Iperó. “Tentaram acionar o convênio médico [com a Intermédica], mas descobriram que estava bloqueado por falta de pagamento por parte da empresa”, conta Denise.
Devido ao bloqueio do convênio, Flávio foi transportado para o Hospital Leonor Mendes de Barros.
O departamento de Recursos Humanos da Iperfor confirma que o convênio da Intermédica estava com problema. “Ele ficou bloqueado por cinco horas na segunda-feira, mas no mesmo dia já foi liberado”, informa um funcionário do departamento.
Oliveira tem um filho de oito anos, está consciente e até a amanhã desta sexta-feira não tinha previsão de alta do hospital.
A esposa Denise afirma que o próprio hospital abriu uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e que ela já encaminhou o documento ao enfermeiro da empresa.
Por enquanto, a empresa não se manifestou quanto ao pagamento de prótese ou qualquer indenização pelo acidente.
SMetal vai acompanhar
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Tiago Almeida do Nascimento, destaca que a diretoria está acompanhando o caso e já cobrou da empresa informações sobre em que condições o acidente ocorreu. “Queremos saber, inclusive, se a Iperfor está seguindo a Convenção de Prensas e a NR12 (Norma Regulamentadora nº 12, do Ministério do Trabalho), que tratam da segurança no trabalho em prensas.
Tiago também afirma que o departamento jurídico da entidade está à disposição de Flávio, que é sindicalizado.
A Iperfor tem duas fábricas em Iperó, uma forjaria e uma usinagem, ambas no distrito industrial da cidade. Juntas elas empregam cerca de 500 trabalhadores. Flávio trabalha na unidade de forjaria.
Reincidência
Infelizmente, esse não foi o primeiro acidente de trabalho grave ocorrido na Iperfor. Em junho de 2011 o trabalhador Renato Orlando Mainardes perdeu parte do braço esquerdo e a ponta do polegar da mão direita. Renato forjava uma engrenagem quando um calço usado no serviço caiu, bateu no pedal e acionou o ‘martelo’ da máquina.
De 2013 a 2014 o Sindicato registrou 49 comunicados de acidentes ocorridos na Iperó, incluindo fraturas, queimaduras, cortes, esmagamento de membros e doenças ocupacionais.
Em 2013, com 500 trabalhadores e 32 acidentes registrados, a Iperfor ficou com o 9º lugar no ranking das 10 empresas metalúrgicas da região que mais tiveram comunicações de acidentes de trabalho (CAT) abertas no ano. O primeiro lugar ficou com o Grupo Schaeffler, que contava com 4 mil funcionários e registrou CATs no ano.