Uma das muitas práticas abomináveis do governo federal golpista tem sido tratar os prejuízos impostos aos trabalhadores e à economia brasileira como se fossem boas notícias, como se fossem verdadeiros “presentes” do “novo regime” aos habitantes da Nação. É o que tem acontecido com os baixos índices de inflação, que é assunto de matéria nesta edição da Folha Metalúrgica.
A taxa reduzida de inflação tem sido anunciada por governistas como sinônimo de estabilidade econômica. Nada mais mentiroso. Não é bom para a população estar estável no fundo do poço.
A inflação baixa atual é consequência da estagnação do setor produtivo, do desemprego, da perda de poder aquisitivo de uma grande parcela dos brasileiros e da insegurança em relação ao futuro do mercado de trabalho. Ela é fruto da recessão econômica.
A recessão implica em queda na produção por falta de demanda, por falta de procura por produtos e serviços. A recessão é sinônimo de país que não cresce, não se desenvolve. É sintoma de uma economia e uma sociedade que recuam, que retrocedem em termos de mercado.
A recessão atual está relacionada também com a taxa de juros elevada, com a falta de investimentos internos e externos no país e com a ausência de políticas públicas de desenvolvimento.
Hoje as propostas do governo federal se traduzem em medidas recessivas (que retraem o mercado interno), em retirada de direitos da população (terceirização e reformas trabalhista e previdenciária), em diminuição do papel do Estado (sucateamento de estatais e serviços públicos) e no empobrecimento da maior parcela da sociedade.
O projeto dessa direita que tomou o poder no Brasil implica em reduzir tanto o papel do Estado (no sentido de governo da Nação) que ele nem terá mais condições de atuar como incentivador, como indutor do desenvolvimento.
O objetivo é entregar o país. É vender o Brasil em fatias, incluindo as decisões econômicas e os bens e serviços públicos, às bilionárias corporações cujos acionistas, espalhados pelo mundo, vivem de renda.
Muitos empresários, na ânsia imediatista de manter seus lucros, contribuem com o agravamento da crise. Não é incomum demitirem mais do que seria necessário e propor achatamentos salariais para quem fica no emprego. Tudo em nome da manutenção de suas margens de lucro, que eles não admitem reduzir, embora exijam que o trabalhador aceite reduzir seus direitos.
A inflação baixa associada à recessão tende a levar os empresários a negarem a reposição salarial nas datas-bases dos trabalhadores este ano.
No caso dos metalúrgicos, que têm data-base em setembro, o INPC de setembro de 2016 a abril de 2017 está acumulado em apenas 1,53%. Mas quem vai ao supermercado ou tem contas básicas a pagar, como água, luz, moradia e vestuário, sabe que esse índice não retrata o aperto que o trabalhador está passando.
É indispensável para a categoria metalúrgica e para a classe trabalhadora, neste momento, somar forças para resistir ao bombardeio que o governo ilegítimo e seus apoiadores despejam sobre a sociedade.
O preço da falta de consciência de classe e da omissão podem ser prejuízos irreparáveis. A geração atual será responsável pelo que a história contará no futuro a respeito do legado que deixaremos para os trabalhadores brasileiros do amanhã.