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Agricultura Familiar

Mais Alimentos atingirá 100 mil máquinas agrícolas

Foi renovado por mais três anos o Mais Alimentos, programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário para mecanização da agricultura familiar, com financiamentos máquinas agrícolas e caminhões

Automotive Business
Foguinho/SMetal

O Mais Alimentos foi responsável pela venda de 80 mil tratores e 48 mil veículos de carga produzidos no Brasil

Foi renovado por mais três anos o Mais Alimentos, programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para mecanização da agricultura familiar, com oferta de máquinas agrícolas e caminhões por preços especiais e financiamentos subsidiados pelo governo. Em seis anos de existência, o Mais Alimentos foi responsável pela venda de 80 mil tratores e 48 mil veículos de carga produzidos no Brasil. O acordo de renovação foi assinado em São Paulo na última sexta-feira (17) na sede da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, que pelos termos do documento coloca seus associados à disposição das licitações que ocorrem ao longo do ano, com garantia de oferta de produtos e assistência técnica.

Tanto Anfavea como MDA comemoraram os bons resultados trazidos pelo programa ao longo dos últimos anos. “Os 80 mil tratores já entregues pelo Mais Alimentos em seis anos correspondem a um ano inteiro de produção de nossas associadas”, disse Luiz Moan, presidente da associação dos fabricantes. Apenas na última safra (2013/2014), foram vendidos pelo Mais Alimentos 18.448 máquinas agrícolas e 25.025 caminhões, em incremento de 63% e 23% sobre o ano anterior, respectivamente. “Deveremos alcançar a marca de 100 mil máquinas já no próximo ano”, projeta Laudemir Müller, ministro do Desenvolvimento Agrário, que assinou a renovação do acordo até 2017 juntamente com Moan.

O Mais Alimentos aproxima os compradores potenciais (pequenos agricultores com renda de até R$ 100 mil por ano) de produtos oferecidos com descontos especiais por meio de licitações, em que cada empresa faz seu preço. “O desconto é compensado pelo ganho de escala na produção”, observa o ministro Müller, lembrando que o programa atinge cerca de 3 milhões de agricultores familiares no Brasil.

Os tratores, caminhões, picapes (inclusive as compactas derivadas de carros) e implementos são oferecidos com financiamentos subsidiados do Pronaf, operados por agentes financeiros como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco do Brasil, com juros de 2% ao ano e 10 anos para pagar, com três de carência para iniciar os pagamentos. O limite máximo de contratação individual é de R$ 150 mil, ou R$ 750 mil para cooperativas. No mesmo pacote o agricultor também compra um seguro de clima e preço, que cobre de forma parcial ou total as parcelas em caso de evento climático como seca ou excesso de chuva, ou se o valor dos produtos ficarem abaixo das estimativas. De acordo com o MDA, a taxa de inadimplência no programa é bastante baixa, gira em torno de 1,5%.

Com financiamentos acessíveis, as operações vêm crescendo de forma acelerada. “Quando o Pronaf começou o volume de concessões era de R$ 2 bilhões por ano e hoje é de R$ 3 bilhões por mês. A carteira de contratos ativos chega a R$ 45 bilhões”, informa Müller. Ele lembra ainda que todos os tratores e caminhões financiados pelo programa precisam ter, no mínimo, 60% de nacionalização em peso e valor. “Com isso também favorecemos a indústria nacional de autopeças”, destaca.

Potencial

Moan destacou o grande potencial econômico representado pelo Mais Alimentos, que garante maior produtividade à agricultura familiar, responsável por mais da metade da produção agropecuária no País – e pelo fornecimento majoritário, por exemplo, de 100 milhões de refeições por dia nas escolas públicas. “No Brasil o índice de mecanização agrícola é de 754 hectares por máquina, enquanto nos Estados Unidos essa relação é de 256 hectares/máquina e a média mundial é de 326. Há, portanto, muito espaço para crescer”, avalia.

O programa teve o mérito de criar uma nova base de clientes de maquinário agrícola e caminhões, que antes não existia, pois normalmente os pequenos agricultores compravam tratores e veículos usados, boa parte em estado de quase sucata. “Para atender essa nova demanda, além de produzir e transportar todos os alimentos que o País precisa em escala ascendente com o aumento do poder aquisitivo da população, será preciso usar muitos tratores e caminhões na agricultura”, disse o ministro do MDA.

Müller exemplificou a evolução com a produção nacional de leite, segmento típico da agricultura familiar: “Recentemente o Brasil era o segundo maior importador de lácteos do mundo, com déficit de US$ 700 milhões na balança comercial e produção de 21 bilhões de litros de leite por ano. Hoje já produzimos 35 bilhões de litros e consumimos quase tudo, zeramos o déficit. Isso é um exemplo do impacto positivo do nosso projeto de desenvolvimento”, afirmou.

O presidente da Anfavea também lembrou a extrapolação de fronteiras do programa, com a criação do Mais Alimentos Internacional, que prevê no próximo ano a exportação de 2.521 tratores financiados pelo BNDES. Por meio da internacionalização do programa a Agrale já entregou 320 tratores para o Zimbábue em agosto passado. Os principais compradores serão países africanos, como Moçambique e Quênia, que enviam missões empresariais ao Brasil e são assessorados pela Anfavea para escolher os fornecedores das máquinas. “Vamos aproveitar nossa experiência para exportar”, afirma Müller.

Por fim, Moan lembrou que o aumento da produtividade da agricultura familiar tem ainda outro efeito colateral positivo para o setor automotivo: o crescimento da renda nos pequenos municípios onde estão essas propriedades rurais. “Com isso também estamos vendendo mais carros nessas cidades do interior”, disse.

“O desempenho das vendas de máquinas agrícolas é um importante indicador para nós do que vai acontecer logo mais à frente com o mercado de caminhões e, logo depois, também com o de carros. A produção agropecuária do País afeta toda a nossa cadeia produtiva”, resumiu Moan.

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