Quando mudou para Sorocaba, em 1994, aos 12 anos, Leandro Soares não imaginava os rumos que a vida tomaria por aqui. A mudança se deu por conta do emprego do pai, seu Guilhermino dos Santos Soares, que era metalúrgico na Dana e foi transferido para trabalhar na cidade.
Com a família, instalou-se no bairro Jardim São Judas Tadeu e foi estudar na escola estadual Ezequiel Machado Nascimento, no Jardim Santa Rosália.
À época, Leandro tinha um visual considerado chamativo que acabou lhe rendendo um apelido preconceituoso e carregado de estereótipo: Baiano. O pequeno Baiano tinha, nesse período, um único sonho, o de jogar futebol.
O Bahia ganha os campos
Não demorou para Leandro se encontrar nos gramados. Começou a atuar no gol do time da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) e ganhou uma adaptação do apelido: virou o Bahia.
Talentoso, chamou atenção do Figueirense Futebol Clube e não teve dúvidas que deveria embarcar no seu sonho. E foi tudo muito rápido: em pouco mais de sete dias, ele deixou Sorocaba e, sozinho, aos 16 anos, partiu para Santa Catarina.
Quatro anos depois, Leandro chegava à idade de ser profissionalizado no futebol e teve que ir para Caxias do Sul, em Joinville. E foi lá que sua vida tomou rumos completamente diferentes.
Ele teve uma infecção de amígdala. O que poderia ser tratado e não causar maiores problemas, virou um pesadelo. O diagnóstico mal feito fez com que a infecção evoluísse, chegasse à corrente sanguínea e acabasse alojada no quadril.
A situação resultou num quadro de septicemia. Leandro, então com 20 anos, ficou em coma natural por três dias e outros 24 em coma induzido. A situação era tão grave que o jovem chegou a ser dado como morto.
Felizmente, ele sobreviveu, mas não sem perdas: a doença o deixou com uma artrose no quadril, que resultou na diminuição em uma das pernas. Acabava ali o sonho de jogar futebol.
A volta para casa
Leandro voltou, de cadeira de rodas para os braços da família, onde tinha o apoio necessário para recuperação. O ano era 2003 e a vida ainda tinha um novo golpe: foi quando ele perdeu a mãe, a Dona Hilda.
Aos 21 anos, sempre disposto a encarar os desafios, conseguiu vencer essa etapa difícil. Em 2006, casou-se pela primeira vez e teve a filha Ingrid, hoje com 16 anos.
Emprego na ZF e o início da militância
A doença deixou em Leandro sequelas e, por isso, em 2004, conseguiu uma vaga pelo sistema de cotas para Pessoas com Deficiência na ZF do Brasil Planta 2.
Uma vez na fábrica, a vida de militância teria início. Em 2007, foi eleito para a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Não demorou para se interessar cada vez mais pela luta por direitos, o que acabou o levando para o SMetal.
Mas nem tudo foi fácil. Antes de ingressar no Sindicato, sem conhecimento do trabalho sindical, Leandro foi induzido pela empresa a interferir numa negociação do Programa de Participação nos Resultados. Os dirigentes sindicais da época puxaram sua orelha, mas a lição foi aprendida.
Tanto que ele foi convidado, em 2008, para fazer parte da direção do Sindicato. Em pouco tempo, já estava na coordenação da Juventude Metalúrgica.
O desempenho chamou atenção de outras instâncias e, logo menos, Leandro estava na Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT).
Atuando em âmbito nacional, em 2009, Leandro ajudou na construção da Secretaria de Juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e, em 2011, foi secretário nacional da juventude da CNM/CUT.
Em paralelo a isso, Leandro continuou a ascensão no SMetal. Em 2014 foi eleito secretário-geral da entidade. Na eleição seguinte, em 2017, elegeu-se presidente pela primeira vez, cargo para o qual foi reeleito em 2021 com mais de 90% dos votos válidos.
Casado desde 2019 com a psicóloga Kátia Leite, ele divide o tempo entre a família, a luta sindical e política. Ao longo da sua trajetória, Leandro trabalhou incansavelmente pelos direitos da categoria. Empenho e comprometimento que agora ele coloca na pré-candidatura a deputado estadual.