A TVT representará a entrada do mundo do trabalho na mídia. A opinião é do secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito. Especialista em televisão e cinema, Cannito participou do lançamento da TVT, na segunda-feira (23).
O que representa a estreia da TVT?
O lançamento da TVT é algo histórico. Pela primeira vez teremos uma televisão ligada à classe trabalhadora e com o compromisso de representar o universo do trabalho. O trabalho é algo excluído da grande mídia ou muito mal representado.
Dê um exemplo.
Nas novelas, o trabalho é, no máximo, um pano de fundo caricaturizado. Há inúmeras profissões importantes que são desprestigiadas na representação televisiva que, ao invés de retratar a vida de operários, pedreiros, professores etc., opta sempre por modelos ou empresários.
O trabalho quando aparece é da empregada doméstica, personagem secundária, ótima para alívio cômico. Isso tem diminuído a autoestima de nosso povo trabalhador.
Qual pode ser a contribuição da TVT para a produção de conteúdo?
Ela pode multiplicar as fontes de informação jornalística, contribuindo para a diversidade estética.
Além disso, a TVT e outras televisões como ela estão abrindo um novo mercado de trabalho. Cai a importância da economia fabril e aumenta a importância das economias criativas e do conhecimento. Temos de abrir as economias criativas para que elas absorvam os jovens oriundos de classes menos favorecidas. E eles não devem entrar apenas como técnicos, ou secretárias, ou assistentes. Devem entrar com poder criativo, como jornalista, editor, diretor.
É mais um passo à democratização.
Qual a importância do acervo com mais de 4 mil fitas da TVT?
É um imenso patrimônio que registra as lutas de nosso povo. Estamos começando a estudar como o Ministério da Cultura poderá ajudar na preservação e disponibilizar esse acervo.
Temos um projeto chamado Banco de Conteúdos, que já comprou o acervo da Vera Cruz (empresa de cinema criada em São Bernardo nos anos 1950).
Podemos também pensar em convênios para preservação e uso do acervo da TVT, que pode ser usado para recriação e remontagens, revelando aspectos pouco conhecidos da história de nosso País.
Como o Ministério pode ajudar na manutenção e crescimento da TVT?
Queremos ajudar a TVT a investir em formatos televisivos inovadores e em produção de teledramaturgia. Já estamos discutindo projeto para um programa humorístico. Nosso foco é na criação artística e na cultura. Temos de promover o encontro entre os trabalhadores da indústria e os trabalhadores da classe artística. Nos anos 1960 e 1970 a arte brasileira ganhou com esse encontro. (Leia a entrevista completa em
www.abcdmaior.com.br ).