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Democracia na Comunicação

Lançamento da TVT é marco histórico, diz especialista

A TVT representará a entrada do mundo do trabalho na mídia. A opinião é do secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito

Imprensa Metalúrgicos do ABC
Amanda Perobelli
Para Newton, secretário do Ministério da Cultura, trabalhador só aparece como caricatura na grande mídia brasileira

Para Newton, secretário do Ministério da Cultura, trabalhador só aparece como caricatura na grande mídia brasileira

A TVT representará a entrada do mundo do trabalho na mídia. A opinião é do secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito. Especialista em televisão e cinema, Cannito participou do lançamento da TVT, na segunda-feira (23).

O que representa a estreia da TVT?
O lançamento da TVT é algo histórico. Pela primeira vez teremos uma televisão ligada à classe trabalhadora e com o compromisso de representar o universo do trabalho. O trabalho é algo excluído da grande mídia ou muito mal representado.

Dê um exemplo.
Nas novelas, o trabalho é, no máximo, um pano de fundo caricaturizado. Há inúmeras profissões importantes que são desprestigiadas na representação televisiva que, ao invés de retratar a vida de operários, pedreiros, professores etc., opta sempre por modelos ou empresários.
O trabalho quando aparece é da empregada doméstica, personagem secundária, ótima para alívio cômico. Isso tem diminuído a autoestima de nosso povo trabalhador.

Qual pode ser a contribuição da TVT para a produção de conteúdo?
Ela pode multiplicar as fontes de informação jornalística, contribuindo para a diversidade estética.
Além disso, a TVT e outras televisões como ela estão abrindo um novo mercado de trabalho. Cai a importância da economia fabril e aumenta a importância das economias criativas e do conhecimento. Temos de abrir as economias criativas para que elas absorvam os jovens oriundos de classes menos favorecidas. E eles não devem entrar apenas como técnicos, ou secretárias, ou assistentes. Devem entrar com poder criativo, como jornalista, editor, diretor.
É mais um passo à democratização.

Qual a importância do acervo com mais de 4 mil fitas da TVT?
É um imenso patrimônio que registra as lutas de nosso povo. Estamos começando a estudar como o Ministério da Cultura poderá ajudar na preservação e disponibilizar esse acervo.
Temos um projeto chamado Banco de Conteúdos, que já comprou o acervo da Vera Cruz (empresa de cinema criada em São Bernardo nos anos 1950).

Podemos também pensar em convênios para preservação e uso do acervo da TVT, que pode ser usado para recriação e remontagens, revelando aspectos pouco conhecidos da história de nosso País.

Como o Ministério pode ajudar na manutenção e crescimento da TVT?
Queremos ajudar a TVT a investir em formatos televisivos inovadores e em produção de teledramaturgia. Já estamos discutindo projeto para um programa humorístico. Nosso foco é na criação artística e na cultura. Temos de promover o encontro entre os trabalhadores da indústria e os trabalhadores da classe artística. Nos anos 1960 e 1970 a arte brasileira ganhou com esse encontro. (Leia a entrevista completa em
www.abcdmaior.com.br ).

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