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Resistência e luta

Julho das Pretas celebra mulher negra latino-americana e caribenha

‘Julho das Pretas’ teve início na última semana com agenda na CUT São Paulo; SMetal realiza programação na próxima terça, 25, saiba mais!

Com informações do Portal CUT
Vanessa Ramos/CUT

Encontro contou com sindicalistas, psicólogos, cientistas sociais, advogados, entre outros especialistas

As celebrações do ‘Julho das Pretas’ tiveram início na última quinta-feira, 13, com atividade na sede da CUT, na capital paulista. Além de discussões envolvendo sindicalistas, psicólogos, cientistas sociais, advogados, entre outros especialistas, a Secretaria de Combate ao Racismo da CUT-SP também promoveu uma Feira Afro, garantindo diversidade e apoio ao afro empreendedorismo por meio da comercialização de produtos que valorizam a cultura negra.

O ‘Julho das Pretas’ é uma ação de incidência política que conta com uma agenda de atividades proposta durante todo o mês por organizações e movimentos de mulheres negras no Brasil. O encontro dá início a uma série de eventos programados pelos sindicatos paulistas durante o mês, por ocasião do 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) esteve representado pelas metalúrgicas Nazaré Inocência da Silva, Cleide Bueno e Priscila Regiane Costa, que compõem o Coletivo Racial e de Mulheres da entidade. No bojo do ‘Julho das Pretas’, o SMetal também terá uma agenda de atividade para tratar da temática. “Aquilombar: a mulher negra como resistência” é o nome do 2º encontro do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que será realizado no próximo dia 25, na sede do Sindicato.

Evento do SMetal faz parte da série de atividades do ‘Julho das Pretas’, encabeçada pela Central Única dos Trabalhadores

O encontro terá uma roda de conversa com a presença de Rosana Aparecida, secretária de Combate ao Racismo da CUT; Priscila da Silva, psicóloga, secretária da Juventude da CUT e dirigente executiva da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM); Regina Cardoso, enfermeira; Marilda Corrêa, pedagoga e empreendedora; Juliana Cristina Borges, arquiteta e empreendedora; Gleice Marciano, pedagoga e integrante do Nucab (Núcleo da Cultura Afro-Brasileira); e Maria Aparecida da Costa Batista, consultora e assistente social. Além de Nazaré Silva, coordenadora do Coletivo de Mulheres do SMetal e dirigente sindical. A programação contará, ainda, com apresentação do músico e compositor Nei Marciano.

Julho das Pretas

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, comentou sobre o mote das atividades. “Nos reunimos neste mês em diversos espaços para discutir a luta da mulher negra na sociedade. Somos a base da pirâmide e sabemos que as condições socioeconômicas das mulheres negras brasileiras são piores em relação aos demais grupos. Reivindicamos nossos direitos, emprego, renda e a garantia da igualdade de oportunidades e representatividade”, afirmou.

Anatalina Lourenço, que é cientista social, professora da rede pública estadual e municipal de São Paulo e assessora-chefe da Participação Social e Diversidade do Ministério do Trabalho e Emprego do governo federal falou sobre mulheres que lhe inspiraram a lutar. Ao tratar sobre o racismo, detalhou como as pessoas brancas podem criar mecanismos de exclusão para expressar o seu racismo, sem dizer necessariamente que são racistas.

A socióloga também trouxe pesquisa do governo federal, com levantamento do Dieese, que se relaciona à população negra. De acordo com dados do 2º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, a população negra corresponde a 55,8% da população brasileira.

“O desemprego atinge mais os negros e negras. Estamos longe do processo de inclusão da população negra no mercado de trabalho com condições dignas. Existe muito por fazer para que as diferenças de sexo e raça que distinguem os trabalhadores e as trabalhadoras sejam reduzidas”, disse.

Avanços em 2023

A advogada e coordenadora do Núcleo Antirracista do Escritório Cascone Advogados Associados, Raiça Camargo, falou sobre os avanços recentes na luta contra o racismo. Segundo ela, o movimento negro celebra a sanção da lei nº 14.532, de 2023, em janeiro, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível.

A injúria racial ocorre quando a honra de uma pessoa é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. No caso do crime de racismo, isso se dá quando o agressor atinge um grupo ou um coletivo, promovendo a discriminação de uma raça de maneira geral.

A partir da atuação do novo governo, detalhou Raiça, esse tipo de injúria pune a pessoa com reclusão de dois a cinco anos e a pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.

Durante o encontro, Raiça também falou sobre o Guia Antirracista lançado pela CUT-SP em parceria com a Cascone Advogados, em 2022, material que apresenta quais são os direitos de quem passou por situação de racismo em seu local de trabalho e como buscar justiça para esses casos.

“Existe uma grande dificuldade ainda para se denunciar, sabemos que dificilmente uma pessoa negra será bem acolhida em uma delegacia quando chega para fazer uma denúncia. O racismo deve ser uma luta de toda a sociedade. Pessoas brancas também devem assumir esse compromisso de pensar o que pode fazer em seus lugares de atuação em relação a essa questão”, disse.

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