As versões online dos principais jornais dos Estados Unidos e da Europa repercutiram nesta segunda-feira o acordo fechado entre Brasil, Irã e Turquia para a troca de material nuclear iraniano. Apesar de demonstrar desconfiança na eficácia do acordo para a diminuição das tensões no Oriente Médio, as publicações destacam a ascensão dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na diplomacia mundial.
Segundo o jornal americano Los Angeles Times, caso o acordo seja bem-sucedido, será mais um marco na emergência política do Brasil e da Turquia. Os dois países são “duas potências regionais e globais em rápido crescimento que buscam solidificar suas posições com triunfos diplomáticos”, diz o jornal.
A opinião é compartilhada pelo New York Times. De acordo com o jornal americano, o acordo pode confirmar o status de potências mundiais de Brasil e Turquia. O país muçulmano, segundo a publicação, tenta se transformar no principal ator político do Oriente Médio.
A reportagem do New York Times traz ainda a desconfiança de analistas ocidentais a respeito das reais intenções do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Segundo um diplomata ouvido pelo jornal, os 1,2 mil kg de urânio de baixo enriquecimento que o Irã se comprometeu a enviar à Turquia representam pouco mais da metade do estoque do mineral no país.
O britânico The Guardian vai além e cita diplomatas que afirmam que, mesmo com o envio do material à Turquia, o Irã ainda teria em breve estoque suficiente de urânio para construir uma bomba atômica. As autoridades iranianas negam as acusações e alegam que o seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos.
O jornal espanhol El País afirma que o Irã encontrou em Lula e Erdogan dois aliados de peso para vencer a disputa diplomática com os Estados Unidos e evitar novas sanções.
Já a versão online do The Times afirma que Ahmadinejad encontrou maiores facilidades para negociar com os líderes da Turquia e do Brasil do que com outras potências ocidentais, devido à confiança estabelecida entre os três países. De acordo com o jornal britânico, a iniciativa dos dois membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU devem, no mínimo, complicar as tentativas do governo dos Estados Unidos de impor novas sanções econômicas ao Irã.
O acordo anunciado nesta segunda-feira em Teerã prevê que o Irã envie à Turquia 1,2 mil kg de urânio de baixo enriquecimento por urânio enriquecido a 20% para ser usado em pesquisas médicas. Pelo acordo, o urânio enriquecido será remetido no prazo de um ano. Nesse período, haverá supervisão de inspetores turcos e iranianos.