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Investigação sobre Mossack Fonseca expõe rede global de corrupção

'Panama Papers' implica políticos, empresários e celebridades internacionais em esquemas de evasão fiscal. No Brasil, apurações citam políticos do PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB

Rede Brasil Atual
Divulgação

Segundo o jornal espanhol El País, entre os brasileiros envolvidos no esquema está o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB)

São Paulo – Com mais de 11 milhões de documentos de 200 mil offshores, uma investigação jornalística mundial que apura os documento da Mossack Fonseca, empresa panamenha dedicada à abertura de offshores em paraísos fiscais, foi divulgada à imprensa ontem (3), supostamente revelando como como a companhia ajuda políticos, empresários e celebridades internacionais a lavar dinheiro, evitar sanções e evadir impostos. Os “Panama Papers” já estão sendo considerados o maior vazamento de documentos confidenciais já realizado.

Segundo o jornal espanhol El País, no vazamento, há 57 brasileiros envolvidos com lavagem de dinheiro, entre eles o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) e o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA).

Reportagem da Folha de S.Paulo afirma que a documentação confirma que Cunha controla a offshore Penbur Holdings, que foi usada para receber suborno no exterior, de acordo com outro delator, o empresário Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia. O empresário disse em acordo de delação que pagou US$ 3,9 milhões a Cunha entre 2011 e 2014 para obter recursos da Caixa para investir no Porto Maravilha, um dos principais projetos do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

Documentos entregues pelo empresário à Procuradoria-Geral da República mostram que a Penbur recebeu US$ 702,3 mil do total do suposto suborno pago ao presidente da Câmara. Cunha nega com veemência que tenha recebido propina e que tenha contas ilegais no exterior.

Já segundo a BBC, os documentos implicam pelo menos 72 ex-chefes de Estado e líderes em exercício em esquemas que envolvem a administração de empresas offshore não declaradas. Uma das principais revelações diz respeito à suposta ligação do presidente russo, Vladimir Putin, a um esquema bilionário de lavagem de dinheiro que envolve o banco russo Rossiya e várias pessoas próximas a Putin.

Entre outros citados, estão o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, os presidentes chinês e sírio Xi Jinping e Bashar al-Assad, respectivamente, e o atual mandatário argentino, Mauricio Macri, e o primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson. Entre as celebridades, estariam o ator Jackie Chan, o jogador argentino de futebol Lionel Messi e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar.

A Mossack Fonseca, que atua há mais de 40 anos, nega as acusações e diz que nunca foi alvo de nenhum processo por atividades ilegais. “Se detectamos atividade suspeita ou má-conduta, somos rápidos em reportar às autoridades. Similarmente, quando as autoridades nos contatam com evidências de possível má-conduta, sempre cooperamos integralmente”, declarou a empresa.

Os documentos foram entregues por uma fonte anônima ao jornal alemão Suddeutsche Zeitung, que o repassou ao ICIJ, rede formada por jornalistas de diversos países, que tem investigado as informações há um ano. O ICIJ pretende divulgar as informações contidas nos documentos ao longo dos próximos dias.

A Lava Jato investigou o escritório brasileiro da Mossack na 22ª fase da operação, como o objetivo de encontrar provas que associassem a empresa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo a propriedade de um apartamento no Guarujá, no litoral sul paulista, como elo. Nada foi encontrado sobre o ex-presidente, mas as investigações esbarraram na propriedade de uma mansão em Paraty, litoral fluminense, associada à família Marinho, dona da Rede Globo.

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