As ações de internação compulsória (involuntária) de dependentes de drogas e álcool que começaram nesta segunda-feira, dia 21, no centro de São Paulo, na região da Luz, apelidada de Cracolândia, têm sido alvo de polêmica e divide a opinião de especialistas.
O técnico e conselheiro da comunidade terapêutica “Casa de Meu Pai”, que fica em Sorocaba, Renato Mendonça Aoyama, pondera que o tratamento de dependentes químicos deve ser analisado caso a caso, mas se declara favorável à medida que, segundo ele, é um problema de saúde pública. “É uma boa medida tomada pelo estado. Afinal, muito se ouve sobre a proliferação das cracolândias e sobre os danos que a droga faz. Alguma coisa precisava ser feita”, afirma.
Já Lúcio Costa, também de Sorocaba e coordenador da Frente Nacional de Drogas e Direitos Humanos, que reúne 52 entidades de todo o país, afirma que a política de drogas adotada em São Paulo é excludente. “É uma política de higienização dos dependentes dos espaços públicos, que visa apenas esconder o problema que está aparente, nas ruas”.
Ele explica que a internação compulsória está prevista na lei, mas existem critérios bastante específicos para que ela possa ser aplicada. “A internação compulsória deve ser a última etapa do tratamento e não a primeira. São Paulo, com isso, está na contramão”, opina.
Baixa eficácia
Renato reconhece que a eficácia de recuperação dos dependentes internados de maneira involuntária é menor do que daqueles que procuram por ajuda. “O importante é que tanto a abordagem como todo o tratamento sejam feitos por profissionais capacitados”, defende.
Lúcio, no entanto, assinala que se a internação for precisa, que seja feita em espaço curto de tempo e em hospital geral “e não em comunidades terapêuticas isoladas, aonde geralmente acontecem as maiores violações de direitos humanos”.