O Índice de Preços ao Consumidor (INPC), indicador utilizado como base para as negociações da Campanha Salarial dos metalúrgicos do estado de São Paulo, acumulou 3,33% desde a última data-base da categoria, em 1º de setembro de 2023.
Com uma variação de 0,46% registrada em maio, o índice apresentou uma maior aceleração do que no mês de abril, quando o INPC variou 0,37%. Quando comparado ano a ano, no mesmo período de 2023 (setembro de 2022 e maio de 2023) o índice acumulava 4,05%, um percentual mais elevado do que o que foi registrado para este ano.
O levantamento organizado pela subseção dos metalúrgicos de Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra um cenário de controle inflacionário desde a última data-base o que, na leitura dos números, pode indicar um panorama mais favorável no que diz respeito aos ganhos reais nos salários dos trabalhadores metalúrgicos.
Para Leandro Soares, presidente do SMetal, é importante celebrarmos o controle inflacionário. “Uma vez que esse controle representa que as famílias têm maior poder de compra e a economia brasileira caminha para um cenário de estabilidade, é importante reconhecê-lo”, diz o presidente.
Histórico de desafios
Em 2023, no entanto, mesmo diante de um índice inflacionário de 4,06%, os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) realizaram negociações da Campanha Salarial individualmente, fábrica por fábrica, para garantir o aumento salarial dos trabalhadores.
Isso porque as bancadas patronais se recusaram a acatar o pedido mínimo dos metalúrgicos do estado, que era a reposição de 4,06% mais um adicional de 2% de aumento real nas remunerações.
Soares, entretanto, recorda que mesmo com a estabilidade deste ano, é um desafio negociar com os patrões.
“O cenário enfrentado em 2023 é um dos exemplos mais claros. Nossa prerrogativa é negociação coletiva, sempre, pois ela garante que a voz dos trabalhadores seja considerada e respeitada no processo de negociação”, defende.
Para não ter o mesmo cenário de 2023, desde o começo de junho, a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM/CUT-SP) e os sindicatos filiados à entidade, realizam diversas reuniões sobre a Campanha Salarial de 2024, para além de já terem entregado a pauta de reivindicações aos sindicatos patronais. Neste ano, o slogan escolhido para a Campanha é: “Unidade e luta: vamos conquistar a nossa parte!”.
Grupos e influência na inflação
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os grupos com as principais altas em maio, e que trouxeram mais impactos para a aceleração da inflação em maio de 2024, foram: Saúde e cuidados pessoais (0,77%), Alimentação e bebidas (0,64%) e Habitação (0,62%). Já Educação (0,1%), Comunicação (0,18%) e Despesas Pessoais (0,24%) foram os grupos com menor variação.
Entre setembro de 2023 e maio de 2024, Educação (5,91%) e Alimentação e bebidas (5,55%) foram os grupos cujos preços mais avançaram. No acumulado do ano, entre janeiro e maio de 2024, Educação (5,54%), Alimentação e bebidas (4,24%) e Saúde e cuidados pessoais (3,65%) apresentaram as maiores altas.
No grupo Alimentação e bebidas, responsável por 24,46% do INPC, a cenoura (67,05%), a manga (47,15%), a cebola (46,83%) e a batata inglesa (36,09%) foram os itens com maior aumento de preços no acumulado de 2024.
O levantamento organizado pelo Dieese mostra que, levada à análise para as regiões metropolitanas, é possível ver os reflexos da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul sobre a inflação, que começa a pressionar também os preços nacionais, especialmente no grupo Alimentos e Bebidas.
O INPC de maio para a região metropolitana de Porto Alegre capturou uma alta de 0,95% nos preços, mais do que o dobro dos 0,46% registrados para o país. Em maio, a inflação de preços do grupo Alimentação e bebidas na região foi de 2,82%, quase 4,5 vezes maior do que a média nacional de 0,64%.
Previsões
Os dados levantados pelo Dieese local mostram, também, que a previsão do mercado para os próximos meses (junho e julho) indicam uma menor aceleração inflacionária, com projeções de 0,32% para junho e 0,14% para julho*.
*Expectativas publicadas no último relatório Focus de 17 de junho de 2024 pelo Banco Central, que resumiu as expectativas de mercado coletadas até o dia 14 de junho de 2024 para o IPCA.