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Governo anunciou geração de empregos 46,8% maior do que o real

Após revisão do Ministério do Trabalho e Previdência, número de empregos criados no ano passado cai pela metade, passando de 142.690 novos postos anunciados para apenas 75.883 realmente criados

Portal CUT
Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
Revisão concluiu que a geração de empregos em 2020, comemorada pela equipe de Jair Bolsonaro (ex-PSL), estava errada

Revisão concluiu que a geração de empregos em 2020, comemorada pela equipe de Jair Bolsonaro (ex-PSL), estava errada

O Ministério do Trabalho e Previdência revisou os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) e concluiu que a geração de empregos em 2020, comemorada pela equipe de Jair Bolsonaro (ex-PSL), estava errada.

Em janeiro deste ano, o governo anunciou a abertura de 142.690 novos postos de trabalho no ano passado. Na verdade, foram gerados apenas 75.883. A queda é de 46,82% em relação ao número divulgado. A informação foi antecipada pelo Portal R7.

As revisões nos cálculos oficiais concluíram que foram registradas 2,2% mais demissões (de 15,023 milhões para 15,361 milhões), apenas 1,8% superior as admissões (de 15.023.531 para 15.361.234).

Quando o número errado foi divulgado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não apresentou uma proposta sequer de geração de emprego e renda, comemorou.

“A grande notícia para nós é que, em um ano terrível em que o PIB [Produto Interno Bruto] caiu 4,5%, nós criamos 142 mil novos empregos”, disse Guedes, que atribuiu o resultado positivo ao Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEm), criado para limitar as demissões durante a pandemia do novo coronavírus. O BeM previa redução de jornadas e salários e suspensão dos contratos de trabalho.

Maiores diferenças

De acordo com o R7, a maior discrepância registrada entre os dados divulgados e revisados, de 177,2%, foi apurada no mês de junho. No período, foi comunicado que o Brasil havia cortado 10.984 postos formais de trabalho. A perda foi de 30.448 vagas.

Em termos absolutos, ainda segundo a reportagem, a principal diferença foi contabilizada no mês de abril, quando ocorreram 963.703 demissões a mais do que contratações com carteira assinada, número que traz 103.200 mais perdas em relação aos 860.503 cortes inicialmente anunciados.

Algumas das revisões também resultaram em volumes mais significativos de contratações, como o ocorrido em janeiro e fevereiro, os dois últimos meses sem o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia. Os novos resultados são, respectivamente, 76,4% (de 66.818 para 117.893 postos formais) e 19,5% (de 188.869 para 225.648 vagas) maiores do que os inicialmente anunciados.

Em nota enviada ao R7, o Ministério do Trabalho e Previdência, pasta agora responsável pela divulgação dos dados do Caged, afirma que as diferenças levam em conta as declarações feitas pelas empresas fora do prazo. O processo pode reduzir ainda mais o saldo final de empregos criados no ano passado.

“Os dados do painel consideram as declarações feitas fora do prazo. Elas são incorporadas às estatísticas até 12 meses após a movimentação acontecer. Assim, até dezembro de 2021 podem ser incorporados dados que vão impactar o saldo de 2020”, destaca o comunicado.

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