Não é segredo o quanto o custo de vida tem pesado no bolso do trabalhador brasileiro. A cesta básica sorocabana chega a custar quase um salário mínimo e a energia elétrica consome boa parte do orçamento das famílias. Soma-se a isso os altos preços dos combustíveis e de seus derivados, como o gás de cozinha.
A gasolina, que é vendida pela Petrobras aumentou 31% somente este ano. O diesel teve alta de 68% e impacta diretamente no preço dos alimentos e também de inúmeros produtos metalúrgicos que levam o material na sua composição. Com isso, tudo fica mais caro e faz o salário da classe trabalhadora ficar cada vez menor.
Bolsonaro, que em pouco mais de três anos de governo contribuiu para reduzir consideravelmente o poder de compra dos brasileiros, nada faz para mudar esse cenário. Pelo contrário, tenta tirar de si toda responsabilidade dos altos preços praticados pela Petrobras, além de demitir os presidentes que ele mesmo indica (SAIBA MAIS).
O discurso recorrente de Bolsonaro tem sido culpar os governadores e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pela alta nos preços dos combustíveis. Ele usou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/ 22, do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), para reforçar isso.
Pela medida aprovada no Congresso, os combustíveis passam a ser considerados bens e serviços essenciais e, dessa maneira, os estados não podem cobrar mais que 17% e 18% sobre esses itens. Uma alternativa que não resolve o problema.
Segundo especialistas, o impacto no preço da gasolina deve ser mínimo uma que vez que não ataca o principal problema: o preço do barril de petróleo, que é cobrado em dólar e sobe de acordo com o valor de mercado internacional. Além disso, o Estado de São Paulo, no caso do diesel, por exemplo, já cobra menos do que propõe a lei de Bolsonaro.
De acordo com o jornal Folha de SP, o preço da gasolina deve cair apenas R$ 0,657, em média, em todo país. E os lucros dos acionistas da Petrobras, em grande parte estrangeiros, continuará nas alturas. Em apenas um ano e meio, eles receberam cerca de R$ 150 bilhões dos lucros da empresa, sendo que quase metade vai para o próprio governo federal.
Enquanto isso, a fome atinge mais de 33 milhões de pessoas em todo Brasil, o desemprego chega 11,3 milhões de brasileiros e o custo de vida pesa no bolso da classe trabalhadora.
Portanto, ao atacar o ICMS, Bolsonaro busca apenas melhorar sua imagem para tentar ganhar fôlego na disputa eleitoral deste ano. Não vai resolver o problema e ainda cria um cenário de dificuldades para os estados e municípios, que contam com parte do dinheiro do ICMS para investir em saúde, educação, segurança pública, entre outros.
Bolsonaro poderia baixar os preços dos combustíveis, mas para isso teria de mudar a política adotada atualmente. Não tem cabimento sermos um dos maiores produtores de petróleo do mundo e estarmos à mercê da vontade do mercado, que cobra nosso produto em dólar e faz a conta pesar no nosso bolso.
Precisamos da valorização do povo brasileiro, da classe trabalhadora e, para isso, temos que defender o que é nosso por direito. Mas Bolsonaro não tem coragem nem vontade de fazer isso.
Para Bolsonaro, mais vale encher o bolso de acionistas estrangeiros do que ajudar seu próprio povo. Não apenas o preço da gasolina, mas o Brasil só vai mudar quando ele não for mais presidente da República.