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Democracia

Fórum Social Mundial começa hoje em Porto Alegre e comemora 15 anos

Com o tema Paz, Democracia, Direito dos Povos e do Planeta, o encontro segue até sábado e reúne participantes de organizações sociais e movimentos populares para debater a conjuntura mundial

Camila Maciel/Agência Brasil
Divulgação

Mesmo com o surgimento do FSM, há 15 anos, Grajew avalia que muitos problemas persistem, como a desigualdade

Começa hoje (19) em Porto Alegre a edição brasileira que celebra os 15 anos do Fórum Social Mundial (FSM). Com o tema Paz, Democracia, Direito dos Povos e do Planeta, o encontro segue até sábado (23) e reúne participantes de organizações sociais e movimentos populares para debater a conjuntura mundial, com a perspectiva de construir um novo modelo de desenvolvimento. O fórum temático no Brasil é preparatório à edição mundial do evento que ocorrerá em Montreal, no Canadá, entre os dias 9 e 14 de agosto, o primeiro a ser realizado no Hemisfério Norte.

Desde 2001, o FSM reúne militantes de diferentes países no mesmo período em que ocorre, em Davos, na Suíça, o Fórum Econômico Mundial. “(Este evento) pregava o neoliberalismo como fim da história e como o caminho que ia levar o mundo ao bem-estar e à felicidade. A expectativa [do FSM] era de criar esse contraponto e não só mostrar os problemas do neoliberalismo, mas também de apontar propostas e alternativas”, explicou Oded Grajew, coordenador-geral da organização não governamental Rede Nossa São Paulo e idealizador do fórum.

Para Grajew, democracia será o tema central deste Fórum Social Temático em Porto Alegre. “Existe hoje uma grande perplexidade em relação aos atuais modelos políticos, não só no Brasil, mas no mundo. Há uma desconfiança de que os políticos e os governantes atuam mais em benefício de uma elite econômica do que em relação à maioria da população. Há desconfiança em relação à eficiência de gestão dos políticos, às vezes são bons políticos, mas não bons gestores”, disse à Agência Brasil. Ele destacou que há a expectativa de que este espaço sirva para discutir propostas e conhecer exemplos que “possam inspirar outros”.

Após 15 anos do surgimento da proposta do FSM, Grajew avalia que muitos problemas persistem. Ele cita como o mais simbólico a questão da desigualdade. “Não só é grande e aviltante, mas continua crescendo, então o problema persiste. É importante fazer uma crítica, porque nós não conseguimos reverter essa curva. Embora, por outro lado, haja uma diminuição da pobreza absoluta, a desigualdade permanece”, disse, destacando o dado da organização não governamental (ONG) Oxfam, divulgado nessa segunda-feira, que revela que a riqueza acumulada por 1% da população mundial, os mais ricos, superou a dos 99% restantes em 2015.

O início oficial do Fórum Social Temático ocorre a partir das 15h com a concentração para a Marcha de Abertura, no Largo Glênio Peres, Avenida Borges de Medeiros, na Alça Ponte de Pedra. A programação divide-se em mesas de convergência e atividades autogestionadas. Os debates contarão com a presença de nomes como o sociólogo português Boaventura de Souza Santos; de senadores, como Roberto Requião; de deputados, como Maria do Rosário; além de ministros, como Miguel Rosseto, do Trabalho e Previdência Social, e Nilma Gomes, das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.

As atividades autogestionadas debatem temas atuais, como o desastre ambiental em Mariana, com o rompimento da Barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, e também assuntos relacionados às lutas populares, como as mobilizações dos movimentos de mulheres, de juventude, da população negra e dos trabalhadores, entre outros.

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