A Ford não recua de sua decisão de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo. Em resumo, foi essa a informação que a empresa transmitiu ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos Estados Unidos, segundo relato feito na manhã desta terça-feira (12) durante assembleia em uma das portarias. Mas, segundo a montadora, há pelo menos três interessados na compra da unidade, e os trabalhadores podem participar dessa discussão, com o objetivo de manter os postos de trabalho. Eles questionaram o fato de a Ford ter se beneficiado da política de incentivos fiscais, sem contrapartida, e agora sair do país.
“Nosso lema agora é: o patrão vai, os empregos ficam”, afirmou o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, um dos que conversaram com dirigentes mundiais da empresa. Também participaram da assembleia os presidentes nacional e estadual do PT, Gleisi Hoffmann e Luiz Marinho, além do ex-ministro Gilberto Carvalho. “Não iremos desistir”, acrescentou Wagnão.
Os trabalhadores ouviram os relatos sobre a reunião realizada na quinta-feira passada (7) em Dearborn, nos Estados Unidos. Em 19 de fevereiro, a montadora anunciou o fechamento, até o fim do ano, da fábrica de São Bernardo, onde são produzidos caminhões e um modelo do Fiesta. Foram até a sede da Ford tentar reverter a decisão, mas ouviram que a desativação faz parte de um processo global de reestruturação da companhia. Agora, preparam estratégias de resistência. Hoje, não haverá produção – depois da assembleia, todos voltaram para casa.
A unidade tem aproximadamente 4.330 funcionários, sendo 1.650 diretos na produção, 750 mensalistas, 230 executivos e 200 afastados, além de 1.500 terceirizados, a maior parte também na produção. A montadora tem ainda unidades em Taubaté, no interior paulista (motores), e em Camaçari, onde são produzidos o Ka e o EcoSport.
Depois que a Ford falou que iria encerrar atividades, os trabalhadores já fizeram duas passeatas pelas ruas de São Bernardo, além de atividades internas na fábrica. Antes de viajar aos Estados Unidos, representantes dos metalúrgicos conversaram com o vice-presidente, Hamilton Mourão, com o governador paulista, João Doria, e com o prefeito Orlando Morando.
Segundo Wagnão, este terá de ser “a luta melhor planejada” dos metalúrgicos, para viabilizar a permanência da fábrica. “Não interessa saber o acionista desta marca, o parceiro, o investidor. Eles topam fazer negócio e agilizar para que aconteça”, afirmou. O processo de possível venda foi estimado em até três meses.