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Farra

Fim do sigilo: Bolsonaro gastou mais de R$ 13 mi em hotéis de luxo

Quebra do sigilo de 100 anos, mostram que o ex-presidente Bolsonaro teve R$ 27,6 mi em despesas no cartão corporativo; ele chegou a gastar R$ 109 mil em um único dia no restaurante Sabor da Casa

Da CUT Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Informações divulgadas mostram farra com dinheiro público

Informações divulgadas mostram farra com dinheiro público

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 27,6 milhões em despesas no cartão corporativo. Os gastos, muitas deles, chamam a atenção por suas particularidades. O salário do ex-presidente era de R$ 30,9 mil, o que lhe dava plenas condições financeiras para comprar, por exemplo, doces, sorvetes e afins. No entanto, era do cartão corporativo que saia o dinheiro público para Bolsonaro comer suas guloseimas. Ele gastou mais de R$ 8,6 mil em sorveterias do Distrito Federal.

As informações foram conseguidas pela Fiquem Sabendo – agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI) e publicadas pelo jornal Estadão. Elas vêm à público um dia após o sigilo de 100 anos impostos por Bolsonaro, às visitas recebidas pela ex-primeira dama Michelle, terem sido reveladas.

Os valores não condizem com a retórica de Bolsonaro – de ser um homem de costumes simples. Isso porque os gastos são bem maiores e não se referem apenas à gula do ex-presidente. De acordo com as informações , cerca de R$ 13,6 milhões foram gastos em hospedagens em hotéis de luxo.

Um deles é o Ferraretto Hotel, no Guarujá, litoral de São Paulo, onde o presidente esteve em férias em períodos como o fim do ano de 2021 e no carnaval de 2022, fazendo passeios de moto e jet-ski, sem cumprir nenhuma agenda oficial e sendo bancado por dinheiro público.

O total recebido pelo estabelecimento soma R$ 1,46 milhão, valor suficiente para bancar oito anos em hospedagem, considerando um valor médio de R$ 500 por diária.

Outro gasto que chama a atenção pelo absurdo é o de R$ 109.266,00 no modesto restaurante Sabor de Casa, localizado no centro de Boa Vista, em Roraima, em um único dia, 26 de outubro de 2021. O local vende marmitas a R$ 17 (econômica) e a R$ 23 reais (tradicional).

Com o valor pago pela Presidência da República no estabelecimento, teria sido possível comprar 6,4 mil marmitas econômicas. Ou então 4,7 mil marmitas tradicionais. Ou, ainda, 2,1 mil encomendas do frango assado com farofa e baião, prato carro chefe do restaurante. É a maior despesa única com alimentação registrada em um cartão da Presidência durante mandato de Jair Bolsonaro (2019-2022), diz Folha de SP.

Outros gastos supérfluos com dinheiro público

Ainda segundo a lista de gastos com o cartão, há valores que se referem a compras em padarias. A padaria Santa Marta, no Rio de Janeiro, recebeu em média R$ 18 mil reais por nota emitida, ou seja, por compras feitas no estabelecimento. A maior delas foi de um total de R$ 55 mil reais. O valor equivale hoje a cerca de 42 salários mínimos gastos em uma única compra.

Chama a atenção ainda a data de um dos gastos, no valor de R$ 33 mill, feito em dia 22 de maio de 2021, véspera de uma motociata realizada pelo ex-presidente e seus apoiadores, já em tom de campanha eleitoral, no Rio de Janeiro.

Outro gasto com hospedagens e alimentação e que também coincide com motociatas bolsonaristas foi feito no Rio Grande do Sul, em julho de 2021, quando foram gastos R$ 166 mil dos cofres públicos.

Sigilo de 100 anos

O Governo Federal deu início ao cumprimento de um dos compromissos firmados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda durante a campanha, de respeitar a Lei de Acesso à Informação e quebrar o sigilo de 100 anos imposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a vários assuntos de interesse público.

Ao todo foram 65 casos como o processo das rachadinhas do senador Flávio Bolsonaro (RJ), a prisão do ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, aliado do clã Bolsonaro, o cartão de vacinação, os gastos do cartão corporativo, além das visitas de Michele.

Uma das primeiras ações de Lula após assumir o mandato foi determinar à Controladoria Geral da União (CGU) para que analisasse todos os sigilos em um prazo de 30 dias.

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