A permanência dos 37 profissionais que atendem em Sorocaba pelo programa Mais Médicos, depois de março, quando se encerra o período de três anos de atividade previsto em contrato, não está garantida, de acordo com a Prefeitura de Sorocaba. A probabilidade é que ocorra uma troca dos médicos. Os primeiros profissionais que chegaram ao Brasil para o programa devem retornar ao país de origem. O Ministério da Saúde, em reunião com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e com o governo de Cuba, prorrogou para depois do período eleitoral e dos jogos Olímpicos a permanência dos profissionais que encerrariam as atividades em julho. No entanto, o ministério afirma que mais 550 deverão chegar nos próximos dias em substituição. A não renovação do contrato com aqueles que já atuam no País gera a insatisfação de pacientes.
A médica Yasmine Rodrigues está em Sorocaba há pouco mais de um ano. Ela é uma dos 37 profissionais que atuam pelo Mais Médicos. A adaptação ao País e o idioma foi e ainda é difícil, ela diz. Depois de todo esse trabalho, pode ser que Yasmine retorne para Cuba em março do ano que vem.
Segundo ela, a perspectiva é atuar no Brasil até março de 2017. “Não sei se vamos ficar mais tempo ou se vem mais gente para o nosso lugar”, ressalta. Yasmine conta que gostaria de ficar mais um tempo, uma vez que se habituou à cidade e à população. No entanto, não é a primeira vez que trabalha como médica em outro país. “Já fiquei um tempo na Venezuela”, comenta.
De acordo com Fábio Venning, coordenador das regionais de saúde de Sorocaba, o programa deve continuar em Sorocaba. “O que acontece é que são ciclos, ou seja, tem a troca de profissionais: alguns vão embora e vem outros no lugar”, ressalta. Ele não espera que ocorra a interrupção da atividade. “A gente vem trabalhando porque sabe que uma hora esses profissionais não vão estar mais. Só não esperamos que seja de uma hora para outra.”
População teme mudança
A substituição de profissionais desagrada aqueles que já estavam habituados e vinham tendo acompanhamento médico nos últimos anos. A dona de casa Leduza Francisco Tavares afirma que faria até um abaixo-assinado para manter os médicos. “Atendem muito bem desde que chegaram. Não quero que saiam”, diz.
Há três anos a aposentada Luzia Silva dos Santos tem passado com médicos de Cuba. A mudança, para ela, seria ruim. “A gente acostumou. Se entrar novo, não sabe o que a gente tem, não conhece a gente”, considera. Quem também só tem elogios é Maria da Luz Bezerra. “Sou contra a saída deles”, comenta.
Conforme o Ministério da Saúde, a manutenção do programa Mais Médicos está assegurada. “Nos últimos dias, desembarcaram no país 300 médicos cubanos e a previsão é que mais 250 cheguem nesta semana e outros voos no mês de agosto”, informa. As vagas desocupadas por médicos brasileiros e de outras nacionalidades selecionadas por edital são repostas por meio de chamadas trimestrais.