A direção da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) e representantes dos 13 sindicatos filiados se reuniram na manhã desta quarta-feira, 24, para uma avaliação da Campanha Salarial de 2022.
O encontro aconteceu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba. Antes, houve uma paralisação de duas horas na empresa Gerdau, em defesa das cláusulas sociais e em busca de um acordo da Campanha Salarial que valorize a categoria.
Os sindicalistas discutiram as propostas das bancadas patronais que querem o parcelamento do reajuste salarial e também congelar os pisos e tetos salariais, além revisão e retirada de cláusulas sociais das convenções coletivas.
O presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, enfatiza que tais propostas não serão aceitas e que será preciso intensificar as mobilizações na categoria. “Os metalúrgicos dos sindicatos filiados à FEM já estão realizando assembleias em todo estado e, a partir de agora, vamos aumentar ainda mais nossos esforços para buscar aumento real nos salários e a manutenção dos direitos”.
Os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) participaram do encontro. Para Silvio Ferreira, presidente interino da entidade, é a categoria está preparada para a luta. “Os metalúrgicos sempre mostraram sua capacidade de batalhar pela valorização salarial e pela garantia de direitos. Desta vez não será diferente. Vamos mostrar para as bancadas patronais que não aceitaremos nada menos do que merecemos e fechar mais uma Campanha Salarial vitoriosa”.
Até o momento, a Federação e os sindicatos filiados já realizaram reuniões com os grupos patronais do G2 – Sindimaq (máquinas e equipamentos) e Sinaees (aparelhos elétricos e eletrônicos); G3 – Sindipeças (autopeças), Sindiforja (forjaria) e Sinpa (parafusos, porcas e rebites); G8.2 – Sicetel (trefilação e laminação de metais ferrosos) e Siscomet (esquadria e construções metálicas); G 8.3 – Simefre (equipamentos ferroviários e rodoviários), Sinafer (ferros, metais e ferramentas) e Siamfesp (artefatos de metais não ferrosos); Sindratar (refrigeração, aquecimento e tratamento de ar); Sifesp – Fundição; Siniem – Estamparia; Sindicel (condutores elétricos, trefilação e laminação de metais não ferrosos); e Sindratar (refrigeração, aquecimento e tratamento do ar).
Ainda não foram realizadas com o Sindifupi (funilaria e pintura) e também com G10, que não fecha acordo da Campanha Salarial desde 2017.
Preços dos alimentos seguem em alta
As medidas eleitorais de Bolsonaro, principalmente em relação aos preços dos combustíveis, fizeram com que o país registrasse deflação em julho. No entanto, os alimentos tiveram alta de 1,31% no mês passado e continuam pesando no bolso dos trabalhadores.
“Quando falamos que, em 11 meses, tivemos 9,16% de perdas com a inflação, não temos a real dimensão de como isso afeta a vida das pessoas. Se falarmos de Sorocaba, só esse ano o leite subiu mais de 70% e uma cesta básica, com 34 produtos, custa mais de R$ 1.100. A conta não fecha para o trabalhador e o governo federal nada faz para mudar essa realidade. Somente com a valorização dos salários, poderemos minimizar essa situação para nossa categoria”, enfatiza Antonio Welber (Bizu), diretor executivo.
Reajuste não é garantido por lei
Nenhuma lei brasileira determina que os patrões concedam reajuste salarial todos os anos. Nada na legislação diz que os empresários devem reajustar os salários ao menos pela inflação de um determinado período.
A lei 10.192/2001, no artigo 10, prevê que os salários e as demais condições referentes ao trabalho continuam a ser fixados e revistos, na respectiva data-base anual, por intermédio da livre negociação coletiva.
“Ou seja, apenas com a força dos Sindicatos e mobilização dos trabalhadores é que conquistamos reajuste nos salários e também garantimos importantes direitos. Como sempre afirmamos, patrão nenhum dá aumento, somos nós, unidos, que conquistamos isso”, destaca Francisco Saldanha, diretor executivo.
Trabalhadores desvalorizados
A classe trabalhadora vem perdendo o poder de compra ao longo dos últimos anos. Depois de ter aumentos salariais expressivos durante os governos Lula e Dilma, desde o golpe de 2016, com Temer e Bolsonaro, o salário vale cada vez menos. “Não podemos aceitar que quem garante a produção das empresas e, consequentemente, do país seja tratado dessa maneira. O mínimo que os trabalhadores merecem é um salário digno para sustentar suas famílias”, afirma o vice-presidente do SMetal, Valdeci Henrique da Silva (Verdinho).