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Estudo do Saae aponta que população de Sorocaba tem consumido menos água

Em janeiro, foram 3.587.142 metros cúbicos, uma diminuição de 14,68% em relação ao mesmo período do ano passado

Giuliano Bonamim/Jornal Cruzeiro do Sul
Aldo V Silva/JCS

Segundo a autarquia, essa diminuição pode estar relacionada à conscientização dos moradores em racionalizar o uso do produto

A população de Sorocaba tem consumido menos água. É o que aponta um estudo feito pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), baseado no gasto das cerca de 200 mil ligações residencias, comerciais, industriais e dos próprios públicos da cidade. Segundo a autarquia, essa diminuição pode estar relacionada à conscientização dos moradores em racionalizar o uso do produto. Campanhas educativas e o susto causado pela crise hídrica enfrentada no Estado de São Paulo também são apontados como fatores dessa queda.

Em janeiro, a população sorocabana consumiu 3.587.142 metros cúbicos de água. No mesmo período do ano passado, o gasto foi de 4.204.299. O número equivale a uma diminuição de 14,68%.

A queda não ocorreu de forma isolada. O mesmo fato foi registrado em dezembro de 2014 com a diminuição de 17,5% em relação ao mesmo período de 2013: passou de 4.078.254 metros cúbicos para 3.367.285.

O Saae de Sorocaba também tem verificado a diminuição do consumo por meio da telemetria. O cálculo é feito com o saldo entre a entrada e a saída de água das estações de tratamento. A autarquia não tem números para demonstrar essa queda, pois a verificação é mais visual.

De acordo com a assessoria de imprensa do Saae, essa queda no consumo não tem relação com a implantação de medidas voltadas ao racionamento no fim de 2014. Entre 7 de julho e 3 de dezembro do ano passado, aproximadamente 50 mil moradores dos bairros Cajuru, Éden e Aparecidinha conviveram com o rodízio de água. A medida foi tomada após a queda do nível da represa do Ferraz, responsável pela abastecimento da região.

Essa diminuição do consumo verificada nos últimos dois meses provocou uma queda na arrecadação do Saae, mas isso não preocupa a autarquia. A entidade explicou que o fato também minimiza a necessidade de mais investimentos.

O professor de microbiologia ambiental da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), André Cordeiro Alves dos Santos, disse não ter dados para avaliar a causa dessa queda. “É preciso analisar dados históricos, mas o certo é que o governo precisa desde já encontrar soluções e mecanismos para economizar água”, conta.

Preocupação com o consumo excessivo

Em Sorocaba tem sido comum encontrar moradores preocupados com o consumo excessivo. O aposentado Antonio José Covre, 62 anos, é um deles. Tanto que, antes de dormir, ele fecha diariamente o registro geral de água da residência. “É para evitar que haja desperdício, torneira pingando”, conta.

Já a artesã Nilzete Aparecida, 56, passou a lavar a roupa somente uma vez por semana. “Passei a ter esse hábito há uns quatro meses após esse problema de falta d”água”, relata.

O jardineiro Djalma Neves, 40, cria três vacas em uma chácara no bairro do Éden e também mudou os hábitos para não haver desperdício. Ele usa um balde cheio d”água para lavar as mãos e higienizar as patas e as tetas dos animais antes de retirar o leite. “Utilizo uns seis litros de água e ainda sobra. Daí eu aproveito e molho as plantas”, conta.

Armazenar água exige precauções

O morador de Votorantim tem armazenado água para o consumo racional do produto, mas a Secretaria Municipal da Saúde ligou o sinal de alerta com o objetivo de evitar a existência de criadouros do mosquito da dengue nos reservatórios presentes nos quintais das residências. Os agentes de controle de endemias estão nas ruas e ressaltam que reservar o líquido proveniente da chuva exige precauções.

O tema foi abordado na primeira Sala de Situação de Dengue, realizada pela Secretaria da Saúde. A diretora técnica da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen Regional), Sueli Yassumaru Diaz, pediu total atenção à população para não favorecer a proliferação do vetor da dengue. Isso porque o mosquito procura água para colocar seus ovos.

A diretora da Saúde Coletiva de Votorantim, Kátia Regina de Oliveira, dá dicas para quem pretende ter um reservatório de água da chuva e não criar o ambiente adequado para o mosquito se procriar. Os reservatórios devem ser mantidos tampados e não podem armazenar água por muito tempo. “A cada sete dias nasce uma nova geração de mosquitos. Mas quanto mais elevadas as temperaturas, esse ciclo pode ser acelerado e as larvas eclodirem em períodos inferiores a uma semana. Por isso, os reservatórios devem ser esgotados e limpos no máximo a cada cinco dias”, explica.

Para a limpeza regular dos reservatórios de água a cada cinco dias, a orientação é esfregar com uma bucha ou escova, principalmente nas laterais do recipiente, porque é onde o mosquito da dengue coloca os ovos, bem próximo do nível de água. A mesma orientação vale para as vasilhas dos animais de estimação, que devem ser lavadas com bucha diariamente, ensina Kátia. Para as pessoas que querem saber sobre o uso de água sanitária ou cloro, a diretora da Saúde Coletiva alerta que a diluição deve ser na medida certa para ser eficiente contra o Aedes aegypti. “Não adianta colocar medidas erradas desses produtos porque não vai evitar a criação dos mosquitos”, alerta.

Para cada 20 litros de água, deve ser diluído um copo (200 ml) de água sanitária, a 2,5% que normalmente é vendida em supermercados. Caso a pessoa vá utilizar água sanitária a 5%, para 20 litros deve ser usado meio copo (100 ml) e se o produto escolhido for o cloro a 10%, a medida é um quarto de copo (equivalente a 50 ml) para vinte litros de água.

Nessa proporção, a água não vai permitir a evolução das larvas, mas mesmo assim, o recipiente deve ser mantido fechado. Para piscinas e outros grandes reservatórios que necessitem de produtos químicos, deve ser solicitada orientação profissional e observar atentamente o rótulo dos produtos para quem não seja prejudicial aos usuários.

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