Inconformada com um protesto de estudantes causado pelo aumento das mensalidades, a Universidade de Sorocaba (Uniso) apelou para o Poder Judiciário para expulsar os alunos da reitoria da instituição, onde as lideranças do movimento estão acampadas desde ontem, 17. A justiça concedeu uma liminar de reintegração de posse à universidade. Os estudantes têm até às 18h de amanhã, quinta-feira, para desocupar o local. Mas representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) prometem manter a manifestação até que o valor das mensalidades seja revisto pela Uniso.
O aumento de 8,99% na mensalidade na Uniso é considerado abusivo pelos estudantes, visto que a inflação do período foi de 6,4% (IPCA/IBGE de 12 meses).
“O que a gente quer não é uma discussão judicial, nós queremos um diálogo franco com a reitoria para que se consiga chegar a uma boa solução para os estudantes” afirma Gabriel Soares, presidente do DCE Uniso.
A liminar judicial, expedida no final da tarde de ontem, fixa multa de 10 salários mínimos por dia caso a ordem de desocupação não seja cumprida. A decisão judicial também autoriza o uso de força policial para retirar os alunos do prédio. A direção da Uniso, no entanto, deu prazo de 48h para que os estudantes deixem o local. Prazo esse que vence às 18h de amanhã.
O pedido de reintegração de posse, feito pela Uniso, foi deferido pelo juiz Pedro Luiz Alves de Carvalho, da 5ª Vara Cível de Sorocaba.
A universidade se defendeu a respeito do protesto, por meio de nota à imprensa, afirmando que o aumento das mensalidades é um dos menores praticados no estado de São Paulo.
Também por meio de nota, a Uniso afirmou que recebeu ontem uma pauta de reivindicações do DCE e que a mantenedora da universidade [Fundação Dom Aguirre] irá “deliberar sobre o assunto”. Não garantiu claramente, porém, a abertura de diálogo com os estudantes.
Pauta dos alunos
Além da redução do reajuste das mensalidades, também estão presentes na pauta de reivindicações dos alunos soluções para os problemas relacionados à adesão e aditamentos no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e em relação ao serviço geral de atendimento aos universitários.
Sobre o Fies, a universidade afirma que “o Governo [Federal] voltou a liberar, desde ontem [terça-feira], os contratos para as instituições que tiveram reajustes superiores a 6,4%, o que deverá normalizar o atendimento”.
Ontem a Uniso chegou a fechar os serviços de atendimento aos alunos, inclusive do Fies, alegando que o protesto estudantil colocava em risco a segurança alunos e funcionários da instituição. Muitos dos alunos reclamaram da falta de atendimento, que foi restabelecido hoje (18).
A manifestação, no entanto, foi pacífica desde o início e continuava assim até a tarde desta quarta-feira. “Ficou claro que, ao suspender os serviços, a Universidade tentou jogar parte dos estudantes contra o movimento. Mas não funcionou. A maioria dos universitários percebeu a manobra e ficou mais indignada ainda”, afirma Roberto Hatadani, metalúrgico, estudante de Geografia da Uniso e membro do Centro Acadêmico (CA) do curso.