A redução da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central (BC) é um dos eixos da Campanha Salarial dos metalúrgicos do estado de São Paulo para 2024, que tem como tema “Unidade e luta: vamos conquistar a nossa parte”.
Usada como controle da inflação, ela serve como referência para todas as outras taxas de juros do país e vem se mantendo em patamares elevados há quase três anos. Atualmente está em 10,75% ao ano e ainda é uma das mais altas do mundo, ainda que o Conselho de Política Monetária (Copom) venha reduzindo a taxa a “a conta-gotas”.
Apesar do discurso de controle da inflação, diversos estudos demonstram que juros altos são péssimos para o desenvolvimento econômico, o que, por consequência, prejudica a população brasileira, em especial as camadas de mais baixa renda. É a classe trabalhadora que sofre pagando juros altos em financiamentos, cartão de crédito e todas as demais operações financeiras. Além disso, por atrapalhar o crescimento econômico, não permite uma maior geração de empregos.
Outro imenso prejuízo ao país e aos brasileiros é que os juros altos aumentam os preços, encarecem os empréstimos e empurram o consumo para baixo e assim, o comércio fica enfraquecido, a produção diminui e as empresas, sem ter para quem vender deixam de expandir seus negócios, empregando menos trabalhadores.
O economista da subseção Sorocaba do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Felipe Duarte, explica que os juros altos inibem o investimento na produção, além de dificultar que os trabalhadores tenham acesso a crédito para comprar bens de consumo como carros e imóveis.
“Altos juros comprometem a geração de emprego, sobretudo empregos de qualidade e, por outro lado, consomem a renda disponível ou a capacidade de consumo do trabalhador”.
Ou seja, mesmo com aumento no salário acima da inflação, por meio de negociações sindicais, a renda do trabalhador é consumida pelos juros altos.
Independência do BC – por que as taxas não baixam?
Embora o presidente Lula (PT) e sua equipe econômica critiquem o índice, o governo federal nada pode fazer porque a Selic é definida pelo Banco Central (BC), que se tornou independente em fevereiro de 2021, após o Congresso Nacional aprovar uma lei que foi sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente do Banco Central é escolhido pelo presidente da República e tem mandato de quatro anos. De acordo com a lei, apenas o Senado tem o poder de avaliar a conduta do presidente Campos Neto. Desta forma, é o Senado que pode decidir a permanência dele no cargo. O mandato de Campos Neto, escolhido por Bolsonaro, termina em dezembro deste ano.
A taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao BC. A partir de agosto do ano passado, a Selic passou a cair meio por cento a cada 45 dias, saindo de 13,75% para os atuais 10,25%. Mas este ritmo de queda pode diminuir, depois que o presidente do BC, Campos Neto, disse que há “incertezas no cenário macroeconômico, principalmente sobre os juros dos Estados Unidos”.
Segundo o Boletim Focus, os juros básicos devem encerrar este ano em 9,50%. No relatório da semana passada, o BC apontava para uma taxa terminal a 9,13% ao ano. Para 2025, a projeção foi a 9,0%, depois de 19 semanas em 8,50%. A próxima reunião do Copom será nos dias 7 e 8 de maio.
*Com informações da CUT