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Economia

Emprego encolhe pelo quarto mês seguido

De acordo com o Caged, em 12 meses foram extintos 3.329 postos de trabalho no município

Jornal Cruzeiro do Sul/Amilton Lourenço
EMIDIO MARQUES/ARQUIVO JCS (15/4/2014)

Setor de construção civil teve declínio na geração de empregos, fechando, em março, 166 postos de trabalho

O período áureo de desenvolvimento econômico de Sorocaba, com amplas possibilidades de crescimento profissional e tranquilidade para encontrar trabalho chegou ao fim. Números divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, por intermédio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indica que pelo quarto mês seguido o número de demissões no município supera o de admissões. Em março, enquanto 8.092 trabalhadores encontraram vagas no mercado formal, 8.530 perderam o emprego, o que gerou um saldo negativo de 438 vagas.

No primeiro trimestre, o saldo negativo é de 1.183 postos de trabalho, já que aconteceram 25.137 admissões e 26.320 demissões. Nos últimos 12 meses, o Caged mostra que aconteceram 108.341 admissões contra 111.670 demissões, gerando o encerramento de 3.329 vagas.

Em março, a indústria seguiu o mesmo ritmo dos últimos meses e apresentou o pior resultado entre os setores pesquisados. Enquanto registrou 1.320 contratações, desligou 1877 trabalhadores. O saldo negativo foi de 557 vagas. A construção também apresentou declínio na geração de empregos, fechando 166 postos de trabalho. O comércio também contribuiu para o fraco rendimento ao fechar o terceiro mês do ano com o fechamento de 193 vagas. O único segmento que se destacou e evitou que o saldo negativo fosse maior foi o setor de serviços, que gerou 447 novas vagas com a contratação de 4.022 e desligamento de 3.575 trabalhadores.

Especialistas ligados aos segmentos que apresentaram baixo rendimento, elegeram a crise econômica nacional como principal responsável pela retração no mercado de trabalho formal. Segundo eles, o quadro atual é parecido com o observado durante a crise de 2009. O agravante em relação ao período anterior, lembram os entrevistados, é que a turbulência econômica observada naquela época foi passageira, diferente do atual momento econômico, que não tem data certa para voltar ao normal.

Ano de ajustes

Para o economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fernando Lima explica que 2015 será um ano de ajuste e que o reflexo das medidas em vários segmentos chegou a Sorocaba. “A fase de mudanças repercute em todos os níveis. O momento de incertezas acaba repercutindo na geração de novos postos de trabalho. Diria que estamos vivendo um momento de “Stand by”. Quando o assunto é economia, todos estão no modo de espera”, simplifica. O economista evitou falar em prazo para reverter a crise. Segundo ele, o projeto de investimentos em infraestrutura citado recentemente pelo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode representar o início da recuperação. “Algum setor tem de destravar para o País voltar a crescer”.

Respondendo pela construção civil, o diretor regional do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Elias Stefan Junior, se mostra otimista em relação ao segundo semestre. “Pelo que estamos percebendo, pelo menos os recursos destinados aos empreendimentos populares serão liberados pelo governo até o final do ano. Dessa forma, o setor volta a contratar.”

Outro fator que deixa o diretor do Sinduscon mais tranquilo para o próximo semestre é o fato dos estoques de imóveis novos terem baixado nos últimos meses. “Este é o momento certo para as pessoas comprarem, o que irá reduzir ainda mais o número de unidades disponíveis. Consequentemente, a demanda volta a crescer e o mercado será normalizado”, avalia. Além disso, o representante da indústria da construção civil diz que o sindicato está realizando o trabalho político para agilizar a liberação de recursos públicos para o setor. “Estamos pressionando o governo. Nosso maior argumento para que ele volte a investir em habitação é a manutenção de empregos.”

Consumo consciente

Para Rafael Muscari, presidente da Empresa Junior, parceira da Associação Comercial de Sorocaba, as demissões no comércio podem ser explicadas pela maior prudência por parte dos consumidores. “Com as vendas fracas desde o natal, a perspectiva de temporários para efetivação foi baixíssima. Além disso, temos o dólar atrapalhando o comerciante que trabalha com produtos importados e a alta da energia elétrica. São fatores que obrigaram o empresário a promover corte de custos.”

Muscari também prevê melhoria do quadro a partir do segundo semestre. “Perspectivas futuras são de que as vendas se mantenham estáveis e que a confiança do consumidor volte a subir, atraindo investimentos internos e externos para nova expansão do mercado, visando novas oportunidades de negócios”, completou.

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