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Em Sorocaba, pacientes ficam sem quimioterapia na Santa Casa

O hospital alega que os remédios acabaram, mas que o pedido foi feito em tempo hábil; a entrega não teria sido feita por uma suposta dívida da Prefeitura de Sorocaba com o fornecedor

Ana Cláudia Martins / Jornal Cruzeiro do Sul
Erick Pinheiro / Jornal Cruzeiro do Sul

O drama de pessoas que necessitam de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais de Sorocaba continua. Desta vez, pelo menos 56 pacientes que fazem sessões de quimioterapia na Santa Casa estão com o tratamento suspenso por falta de medicamentos. A informação foi confirmada pelo próprio hospital por meio de nota enviada nesta quinta-feira (04) ao Cruzeiro do Sul. A Santa Casa alega que os remédios acabaram, mas que o pedido de um novo lote foi feito em tempo hábil para não interromper o tratamento dos pacientes. Porém, o hospital afirma que a entrega ainda não foi feita em função de uma suposta dívida da Prefeitura de Sorocaba com o fornecedor. A previsão é que as sessões de quimioterapia desses pacientes sejam retomadas em até 10 dias, caso o impasse seja resolvido.

A Prefeitura também foi questionada sobre a suposta dívida e o pagamento, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

Os pacientes da área de oncologia na Santa Casa de Sorocaba já estavam sem o serviço de radioterapia desde outubro do ano passado porque a pastilha de cobalto do equipamento mantido no hospital teve o prazo de validade vencido após quase 40 anos de uso e a Prefeitura não conseguiu adquirir outra. Agora, é a suspensão da quimioterapia para os 56 pacientes.

Segundo a Santa Casa, o fornecedor dos medicamentos estaria “condicionando a entrega à quitação de valores supostamente devidos pela Prefeitura de Sorocaba durante o período de requisição”. O hospital foi requisitado pela Prefeitura em janeiro de 2014, mas a devolução para a Irmandade, proprietária da Santa Casa, só aconteceu dia 22 de dezembro passado.

O hospital alega ainda que “a nova administração já realizou reuniões com o fornecedor para sanar quaisquer entraves” na entrega da medicação necessária para os tratamentos de quimioterapia. E “a expectativa é a de que a posição seja revista prontamente e que os tratamentos sejam regularmente retomados em até 10 dias”. A Santa Casa também afirma na nota que o pedido dos remédios foi realizado em tempo hábil para que não houvesse a interrupção do tratamento, “com a devida previsão de verba para honrar o pagamento”.

Enquanto isso, os pacientes que necessitam das sessões de quimioterapia para o tratamento de doenças graves, como o câncer, sofrem com o impasse, pois eles alegam que a única alternativa dada pelo hospital é para que aguardem a retomada do tratamento.

Família de paciente fica apreensiva

A família da dona de casa Rita de Cássia Nanini de Barros Oliveira, 57 anos, diagnosticada com câncer de mama e que fazia sessões de quimioterapia pelo SUS na Santa Casa desde maio do ano passado, está apreensiva com a suspensão do tratamento dela. “A única informação que nos deram é para aguardarmos, mas até quando?”, questiona a filha Maiara de Oliveira, 25 anos, que sofre com a situação.

Ela conta que a mãe fez a última sessão de quimioterapia no dia 7 de dezembro e a próxima deveria ter ocorrido no último dia 3 (terça-feira), mas no dia anterior uma funcionária do hospital teria entrado em contato com a família para informar a suspensão por falta de medicamento. Segundo ela, a orientação passada foi aguardar a chegada dos remédios e a retomada do tratamento, mas nenhuma data foi informada. Maiara conta que a quimioterapia é fundamental para o tratamento do câncer de mama da mãe e que sem as sessões ela passa a sentir mais dores e mal-estar. “Minha mãe já é acamada em função da doença e usa um balão de oxigênio por causa de problemas pulmonares, e agora a quimioterapia dela está suspensa por falta de medicação. Estamos preocupados, pois não sabemos quanto tempo essa situação irá permanecer”.

Segundo a filha, a mãe precisa fazer as sessões de quimioterapia a cada 21 dias, de acordo com a determinação médica para o tratamento. Maiara disse que desde o início do tratamento, em maio de 2016 na Santa Casa, essa foi a primeira vez que ocorreu a suspensão. “Ela tem consulta agendada novamente no dia 17 e espero que até lá esse problema seja resolvido, pois o quadro de câncer dela é avançado e não sabemos quanto tempo ela pode ficar aguardando”.

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