O mercado de trabalho de Sorocaba acompanha o cenário nacional na medida em que teve seu auge em 2014, com 211.073 trabalhadores com carteira assinada, e passou à crise que extinguiu 20 mil postos de trabalho de 2014 a 2017.
Segundo os dados do Caged, compilados pelo economista da subseção do Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima, o período em que houve melhorias em todas as atividades econômicas (comércio, indústria, serviços, etc) foi de 2002 a 2014, no qual houve um fenômeno nacional de criação de empregos. Somente em Sorocaba os postos de trabalho na categoria metalúrgica dobraram de 19 mil para 38 mil.
A partir de 2014, a crise política iniciada com Aécio Neves questionando o resultado das eleições e, depois, com a operação Lava Jato que afetou a dinâmica econômica e social do país. Aliando-se às medidas restritivas do governo Temer em 2016, resultou no atual cenário desastroso para os trabalhadores. Só em Sorocaba foram 20 mil postos que deixaram de existir, entre 2014 e 2017.
Desse total, 15.500 foram fechados na indústria de transformação de Sorocaba (metalúrgicas, vestuário, alimentícia, vidro, borracha, papel). “Isso ainda gera uma dificuldade enorme para o trabalhador desempregado arrumar emprego e a indústria de transformação ainda não deu sinal de retomada na região de Sorocaba”, avalia o presidente do SMetal, Leandro Soares.
Entre as empresas que fecharam as portas, nesse período, estão: Tecsis, Comask, Campari, Grupo Momesso, Pries, diminuição da Jaraguá, entre outras, afetando a vida de aproximadamente 80 mil sorocabanos, considerando as famílias dos trabalhadores.
Sem sinal de recuperação
De 2017 a setembro deste ano foram gerados apenas 4.036 postos, número muito distante dos 20 mil perdidos.
O economista da subseção Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima, conclui: “como a quantidade de postos de trabalho é bem menor em relação a 2014, o ritmo de contratação também é menor, assim como o de demissões. Ou seja, temos um mercado de trabalho estagnado e com grande número de trabalhadores à procura de emprego”.
Por que a precarização não diminui o desemprego?
Como no Brasil, Sorocaba também teve um aumento visível da informalidade. “É a forma que as pessoas buscam para sobreviver, mas e quanto as pessoas que não se adéquam à informalidade?”, questiona o secretário de organização do SMetal, Izídio de Brito (foto).
Para pensar nessas questões e buscar alternativas que auxiliem a classe trabalhadora, o SMetal deu início a um grupo de trabalho sobre o desemprego em Sorocaba, com representantes de vários setores. “O importante desse trabalho, coordenado pelo Izídio, é o de obtermos as informações dos órgãos responsáveis e cobrarmos políticas para o fortalecimento do desenvolvimento industrial em Sorocaba e na região, porque são vários os critérios que se tem para conseguir uma vaga de trabalho e fica claro que só a qualificação não dá resultado a curto prazo”, endossa Leandro Soares.
Desestruturação do mercado
Embora não seja o principal fator para a diminuição do desemprego, a qualificação tem seu papel para mostrar aos empresários que em Sorocaba, por exemplo, tem mão de obra qualificada para quando houver uma expansão econômica. “O problema é que o momento atual não sinaliza essa expansão, porque o governo está indo na contramão do desenvolvimento, implementando medidas autoritárias que desestruturam o mercado de trabalho, com mais informalidade e precarização”, explica Izídio (leia mais na página 2 sobre outro pacote da maldade lançado pelo governo).
Conto da Carochinha
“Todos os artifícios utilizados para a fundamentação da Reforma Trabalhista foram desmentidos dois anos após a nova legislação entrar em vigor, visto que a promessa de gerar emprego não se cumpriu”, constata o advogado do SMetal, Marcio Mendes. “Pelo contrário, só a informalidade aumentou, fazendo com que famílias vivam desprotegidas de direitos”, completa.
O número de pessoas desempregadas praticamente não alterou nestes dois anos de Reforma Trabalhista. A taxa geral de desemprego mudou pouco depois da aprovação da reforma — era de 12,2%, em outubro de 2017, e hoje está em 11,8%.
Enquanto as vagas com CLT se rastejam, a informalidade cresce. Com vagas precárias e sem remuneração decente, também não há consumo e o PIB (Produto Interno Bruto) não sai do 1% este ano.