O Programa Universidade para Todos (Prouni), que neste ano completa uma década de existência, já formou 400 mil profissionais em universidades privadas do país com bolsas de estudo integrais ou de 50%, sendo que a metade dos graduados é negra. As informações foram divulgadas nesta terça-feira dia 20, pelo secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Paulo Speller, durante seminário sobre o programa promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
Entre os cursos superiores que mais oferecem bolsas pelo Prouni estão Administração de Empresas, Pedagogia, Direito, Ciências Contábeis e Informática. Nos dez anos do programa, 1.923 médicos bolsistas foram formados. Ao todo, 69% das bolsas ofertadas são integrais, sendo 86% em cursos presenciais. Mais da metade dos profissionais que foram beneficiários do programa (217 mil) estão na região sudeste.
“Qual a conclusão que podemos tirar? É um programa efetivamente de inclusão social”, afirmou Speller. “Na média, as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dos estudantes do Prouni são maiores que a dos estudantes que não são beneficiários do programa, nas instituições privadas. A nota do Enem dos prounistas é mais alta.”
O presidente da Educafro, Frei Davi Raimundo dos Santos, reivindicou durante o evento que as bolsas parciais sejam substituídas por bolsas integrais e que o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) também possa ser usado para custear transporte, alimentação e compra de materiais de estudantes beneficiários do programa. “Os estudantes do Prouni que mais evadem são os que têm bolsa parcial. Mesmo assim, o programa é uma das melhores políticas implementadas no país, porque promove mudanças na estrutura social e racial do Brasil.”
A presidenta da União Nacional dos Estudantes, Virgínia Barros, aproveitou o seminário para reivindicar que o Congresso Nacional aprove a criação de um Fundo Nacional de Assistência Estudantil, para auxiliar financeiramente os estudantes universitários mais pobres, em especial os beneficiários do Prouni e de políticas de cotas em universidades públicas.
“No que se refere à composição social da universidade, o Prouni permitiu que tivéssemos um novo perfil de estudantes: aqueles que são os primeiros da família a se formar na universidade e que, por isso, se transformam em um formador de opinião dentro da família. Eles acessam um mundo que até então foi negado às periferias do nosso país”, afirmou. “O Congresso avançou ao institucionalizar o Prouni, mas precisamos casá-lo com uma política de regulamentação do ensino superior privado, para que ele possa ser mais democrático e de melhor qualidade.”