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Opinião

Editorial: Vidas negras importam todos os dias!

Editorial da Folha Metalúrgica nº 969 fala sobre a morte de um homem negro na véspera do Dia da Consciência Negra, que gerou protestos em todo país e escancarou a violência e o preconceito contra o povo preto

Imprensa SMetal
Divulgação
Racismo é crime - Denuncie!

Racismo é crime – Denuncie!

“O assassinato que aconteceu no Carrefour foi de um desespero e dor tão grandes porque, na véspera do Dia da Consciência Negra, um homem negro é espancado até a morte numa data tida para a comunidade preta como de respeito, orgulho e aprendizado. Vimos essa data linda transformada em um grande luto. E, tristemente, essa é uma situação tão recorrente. Dia a dia nossos sonhos e poesia são transformados em sangue e precisamos transformar nossos sorrisos em protesto”.

A fala de indignação é de Yasmin Castro, do Movimento Antirracista de Sorocaba. Ela resume dados alarmantes que a população negra enfrenta. Para se ter uma ideia, pesquisa do Atlas da Violência deste ano aponta que, em 2018, das vítimas de homicídio no Brasil, 75,7% eram negras. Já o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 revela que oito a cada dez pessoas mortas pela polícia em 2019 também eram pretas.

É uma pequena amostra da violência que atinge negros e negras país afora, numa sociedade que insiste em negar o racismo. E todo dia 20 de novembro é a mesma ladainha daqueles que, do alto dos seus privilégios, enchem a boca para falar da tal consciência humana. A mesma boca essa que se cala diante do sangue da população preta que escorre a olhos nus.

É negação de uma história que registra mais de 300 anos de escravidão. Vidas de homens e mulheres, arrancados de suas terras para construir um país com suor e sangue e que, depois, são jogados ao léu, marginalizados. Uma situação que, no que depender de uma elite racista, vai se perpetuar.

Como mostram os números do mercado de trabalho, onde menos de 5% dos trabalhadores negros têm cargos de gerência ou diretoria, segundo dados do Vagas.com. Ou da diferença salarial, que paga 31% a menos para negros do que para os brancos. Sem contar o caso das mulheres, onde a diferença chega ser de 50%.

Mas de luta se vive. E o povo preto não se deixa abater. As grandes manifestações que se seguiram a morte em Porto Alegre são a prova de que não haverá silêncio, não haverá descanso enquanto nossos irmãos e irmãs continuarem a serem mortos.

É um alto e sonoro “BASTA!”, como enfatiza o dirigente sindical Everton da Silva Souza, do Coletivo Racial do SMetal: “temos que encarar essa sociedade racista de cabeça erguida e prontos para a luta, seja nas fábricas ou na sociedade. Com união e coragem lutaremos todos os dias para acabar com esse monstro chamado racismo!”

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