A pesquisa industrial do IBGE, divulgada na última terça-feira, dia 2, demonstra algo que o movimento sindical vem defendendo há bastante tempo: o Brasil precisa urgentemente de uma política de desenvolvimento industrial efetiva. Se isso não for prioridade do governo federal, o país pode sofrer grandes consequências, que deverão repercutir em Sorocaba e região.
No ano de 2020, a pesquisa demonstrou queda de 4,5% na produção industrial brasileira e, no setor metalúrgico, não foi diferente. A cadeia automotiva, por exemplo, registrou uma queda de 28,1% no seu volume de produção. E o de máquinas e equipamentos, menos 4,2% no ano. Isso não foi surpresa já que vivemos um período de recessão devido à pandemia da Covid-19 e a ineficiência das ações governamentais.
Se levarmos em conta os últimos meses, os números mostram a retomada efetiva da produção na indústria geral e também na metalurgia desde o mês de agosto. Esses números podem ser vistos como uma melhoria na economia, mas não é.
Na realidade, conforme explica o economista da subseção do Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima, nos últimos meses a indústria está apenas repondo aquilo que não foi produzido nos meses iniciais da pandemia.
Com o passar do tempo, esse nível de produção tende a perder a força. E o impacto na economia que deve ser causado pelo fim do auxílio emergencial também vai afetar o setor industrial.
Para uma real retomada da indústria, como já tivemos no passado, a diretoria do SMetal defende que não basta fazer a roda girar, mas sim criar uma política sólida no país para que alguns fenômenos, como o fechamento da Ford, não venham acontecer em outras empresas.
Mas esse cenário negativo não é de hoje. No ano de 2019, o setor industrial também tinha fechado com queda. Inclusive, nos últimos cinco anos, a indústria teve queda em três deles.
Quando pensamos numa política industrial é necessário buscar maneiras de avançar na diminuição dos custos de infraestrutura e logísticos, além de incentivar a realização de pesquisas nacionais. Porém, para algo mais concreto, precisamos de um projeto ainda maior, no qual tenhamos uma indústria que atenda as necessidades do país.
Em outras palavras, se temos problemas em infraestrutura, quem tem que fornecer o maquinário e equipamentos especiais para suprir a demanda deve ser o setor metalúrgico brasileiro – não de fora.
Infelizmente, o que temos hoje no governo Bolsonaro é o pior dos mundos – não existe um projeto do qual a industrial nacional faça parte. E pior, tudo isso regado a uma política econômica liberal.
Para chegarmos ao projeto ideal de indústria no país ainda falta muito. Mas sabemos que não dá para ficar de braços cruzados. Nós, trabalhadores, que produzimos as riquezas desse país, devemos sim cobrar e lutar por ações de fortalecimento industrial, pensando no emprego e na renda dos brasileiros.