Você acredita que a conquista é produto unicamente do trabalho e esforço individuais? Se você se sente culpado por algum fracasso entenda que a culpa também é produto da perversa lógica neoliberal.
Mas os povos da América Latina começam a se levantar, justamente, contra essa política que tenta impor o conceito da meritocracia.
No Chile, mais de duas mil pessoas foram feridas nas recentes manifestações de rua, de acordo com dados oficiais, e já são 15 mortos. O povo pede a renúncia do presidente Sebastian Piñera. Ele mesmo já declarou que o país está em guerra.
Infelizmente, no Chile, 80% dos aposentados recebem abaixo de um salário mínimo, graças à reforma da previdência via modelo neoliberal – que vem sendo adotada pelo governo Bolsonaro, no Brasil.
A recente onda de protestos começou com críticas ao aumento nas passagens do metrô e que se juntou à insatisfação dos serviços públicos privatizados, assim como com o sistema de previdência.
Para conter as diversas formas de protestos, como incêndios e saques em lojas, o governo colocou militares nas ruas. Uma guerra civil.
Pois é, o país que sempre serviu como “exemplo” sul-americano de modernidade, laboratório do neoliberalismo desde a ditadura de Pinochet, explodiu. Todos os serviços públicos, universidades, de saúde são privatizados. Jornada de trabalho de 45h semanais. Lá, os patrões fazem o que querem.
Por isso, esse “modelo” foi adotado aqui por Paulo Guedes, Bolsonaro e cia. Mas a população chilena está dando um basta massivo e ninguém pode conter essa fúria, apesar da brutalidade policial.
Antes desse levante no Chile, os povos indígenas do Equador lideraram uma revolta contra o aperto do Fundo Monetário Internacional (FMI) que queria estrangular ainda mais a vida dos equatorianos instituindo um pacote de austeridade.
Após protestos, com paus e pedras, o governo anunciou a suspensão do decreto que liberava o preço dos combustíveis, cujo efeito imediato foi um aumento de mais de 120% da gasolina e do diesel, motivo central das revoltas que paralisaram o país por 11 dias e que chegou ao fim no dia 13 de outubro, com o acordo.
O neoliberalismo, que privatiza tudo para gerar mais riquezas aos que já são muito ricos, encontra limite na insubordinação dos povos enfurecidos. Meritocracia que nada. É urgente uma política social com investimentos na saúde, na educação, com direitos e não o neoliberalismo que só faz emitir dinheiro ao capital estrangeiro.
Assim como afirma a escritora negra, filósofa e ativista estadunidense Angela Davis – que fez conferência em São Paulo pela primeira vez, no fim de semana passado – “a liberdade é uma luta constante”.