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Editorial

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Todo caso de corrupção deve ser investigado e todo crime punido. Isso é fato e um dever do Estado

Imprensa SMetal

Todo caso de corrupção deve ser investigado e todo crime punido. Isso é fato e um dever do Estado. Mas esse “todo” não aparece em alguns grandes veículos de comunicação, que se partidarizaram e deixaram nítida a opção de mostrar apenas o lado da história que lhes é politicamente conveniente.

Eduardo Cunha (PMDB) é o presidente da Câmara dos Deputados, em Brasília, e está sendo investigado pela Operação Lava-Jato devido a movimentações financeiras com lavagem de dinheiro, decorrente de esquema de corrupção da Petrobras.

Cunha tem conta comprovada na Suíça, mas não teve o crime noticiado na famigerada revista Veja. Mesma publicação que, mesmo sem provas, acusou o ex-jogador e hoje deputado Romário de ter dinheiro escondido no paraíso fiscal. Pelo menos por essa mentira a panfletária revista foi obrigada a se desculpar.

Esta semana também grandes mídias publicaram que Lula tinha culpado Dilma pela polícia ter entrado na empresa do filho dele e disseram que isso foi baseado em conversas telefônicas com amigos de Lula. Boato. Foi desmentido em seguida.

Antes, chamava-se “jornalismo marrom” veículos sensacionalistas que buscam vender seus produtos (audiência) a qualquer custo, mas para esse tipo de ‘reportagens’ que andam sendo publicadas cotidianamente fabricando-se ‘verdades’ chamamos de simples mau-caratismo.

Falta caráter e senso crítico na grande imprensa. Onde está o comprometimento social? Qual o limite para a defesa irrestrita dos interesses empresariais particulares?

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que acaba de anunciar o fechamento de 94 escolas estaduais, e que foi tão criticado por deixar faltar água nas torneiras, quis impor sigilo no escândalo de corrupção no metrô de São Paulo. Era também da vontade dele impedir divulgação sobre a crise hídrica. A Justiça, por enquanto, se negou à vontade do governador.

Nesse caminho, Eduardo Cunha, que não é bobo, também pediu sigilo rigoroso sobre a investigação de lavagem de dinheiro e seus trâmites sujos financeiros. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu realizar a vontade do deputado, mas o segredo de Justiça não se aplica ao caso das contas na Suíça (evasão de divisas).

Em tempos de compartilhamentos instantâneos em redes sociais é preciso cautela e olhar crítico. O equilíbrio democrático requer menos ódio, mais discernimento.

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