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Editorial

É preciso não criar falsas expectativas

É verdade que a Toyota local planeja gerar mais de mil postos de trabalho este ano. Porém, do outro lado da moeda, muitas empresas locais estão fechando as portas ou em situação financeira delicada. 

Imprensa SMetal
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A geração de postos de trabalho é uma notícia que o SMetal gostaria de divulgar toda semana. Porém, é preciso ser responsável e não criar falsas expectativas para a classe trabalhadora.

Quem não trata o assunto com a devida cautela — e tenta transformar notícias localizadas em sinalização de suposta “recuperação econômica” — está desinformado, age de má-fé ou é bajulador incondicional do governo retratado pela Tuiuti.

Para vislumbrarmos melhor o futuro do mercado de trabalho — e atuarmos em direção a melhorias sólidas — é preciso enxergar a exceção como o que ela é: uma exceção, e não uma regra.

É verdade que a Toyota local planeja gerar mais de mil postos de trabalho este ano (737 contratações e 320 efetivações). O SMetal, inclusive, participa das negociações com a empresa nesse sentido.

O Sindicato está empenhado para que o diálogo seja bem-sucedido e que novos empregos sejam criados não só na Toyota, mas em toda a cadeia produtiva que atende a montadora.

Porém, do outro lado da moeda, muitas empresas locais estão fechando as portas ou em situação financeira delicada. Isso, não somente no setor metalúrgico, mas também no comércio, no setor de alimentação, entre outros.

Também não podemos nos esquecer do quanto é negativo o saldo acumulado de empregos nos últimos anos.

A base do SMetal, formada por 14 municípios, encerrou 2017 com o fechamento de 737 postos de trabalho. E esse foi o terceiro ano consecutivo de fechamento de postos de trabalho na base.

E não estamos falando que 737 trabalhadores foram demitidos e outros foram contratados para a mesma vaga. Estamos dizendo que 737 postos de trabalho não existem mais. Foram extintos.

Para se ter noção do impacto da crise econômica/política na categoria, em 2013 os metalúrgicos na região somavam 44.802 trabalhadores, enquanto em dezembro de 2017 esse número caiu para 35.599.

Ao todo foram fechados 9.203 postos de trabalho no setor nesse período, o que significa uma redução de 20,5% no tamanho da categoria.

Outra informação importante é que o setor metalúrgico é abrangente e possui atividades com finalidades distintas. Ele comporta fabricantes de parafusos, automóveis, máquinas, fundição, componentes eletrônicos, etc.

O IBGE utiliza 77 classificações de atividades metalúrgicas. Em 2017, dessas 77 atividades, 50 apresentaram fechamento de postos de trabalho.

Diante desse cenário negativo, o SMetal busca meios para preservar os postos existentes e estimular a criação de novos empregos.

É nesse sentido que o SMetal negocia a implantação do terceiro turno na empresa Toyota e as condições gerais para contratações na empresa NAL (que deverá chegar a 300 trabalhadores até 2019).

Mas essas boas noticias têm se resumido à cadeia produtiva da Toyota. Para que os demais setores metalúrgicos se recuperem e gerem empregos, é preciso retomar os investimentos em infraestrutura e na cadeia produtiva do óleo e do gás (notadamente pela Petrobras). É fundamental também estabelecer uma política de desenvolvimento industrial para o Brasil, oferecer crédito para o agronegócio e recriar o crédito para a classe trabalhadora com taxas de juros acessíveis.

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