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A indústria do futuro

Diretores do SMetal participam de seminário sobre descarbonização na indústria

Debate aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e debateu ferramentas para o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera e caminhos para a transição energética

Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal
Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal

Seminário aconteceu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC durante toda essa terça-feira, 30

Para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e promover um futuro com sustentabilidade, os setores que fazem parte da indústria têm se organizado para promover debates importantes. O movimento sindical dos metalúrgicos, que tem um contingente grande de trabalhadores empregados neste segmento, não está de fora dessas discussões. 

É por isso que, nesta terça-feira, 30, os diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) participaram do “Seminário de transição energética e descarbonização para mobilidade” realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC). 

Descarbonizar se refere ao processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, em especial do dióxido de carbono que, quando explorado pela atividade humana em excesso, se torna responsável pela emissão de gases que geram o efeito estufa e o aquecimento global. 

Mas será que esse debate fica apenas restrito às questões de meio ambiente? Essa pergunta é uma das que nortearam o debate desta quarta-feira no SMABC. As lideranças presentes enfatizaram, de forma unânime em suas falas, que é preciso colocar os trabalhadores nessa conta. 

Isso porque, indiretamente, postos de trabalho e geração de renda podem sofrer com os reflexos que uma indústria mais “verde” e sustentável. 

O presidente do SMABC, Moisés Selerges, usou o exemplo dos carros híbridos para amparar esse pensamento. “O motor elétrico tem 60% menos peças do que o motor à combustão. Isso envolve diretamente os empregos e toda a cadeia que vem disso. Precisamos discutir o futuro do mundo do trabalho, com os trabalhadores como protagonistas”, disse.

Para o presidente do SMetal, Leandro Soares, é necessário pensar nos impactos sociais e territoriais desses avanços tecnológicos. “O debate de descarbonização e transição energética é irreversível, mas não existe tal transição, sem a preocupação social, sem a participação dos trabalhadores e trabalhadoras”, comenta.

Caroline Queiróz Tomaz/Imprensa SMetal

Diretores do SMetal estiveram nos debates sobre descarbonização e transição energética

De acordo com Soares, a participação dos diretores do Sindicato nessa atividade deve resultar em articulação com o poder público para iniciar um trabalho na região de Sorocaba – que é um grande polo industrial – no sentido de preparar os metalúrgicos para as mudanças que deverão acontecer nos próximos anos. 

Transição energética

A discussão foi dividida em duas mesas principais. Pela manhã o debate aconteceu acerca da transição energética – que se refere ao processo em que uma sociedade muda sua forma de produzir, distribuir e consumir energia. 

Nessa mesa, os especialistas das universidades e instituições classificaram a atual situação do planeta como “emergência climática”. Foram apresentados dados sobre a emissão de CO2 na atmosfera, para além de perspectivas futuras para a questão ambiental no Brasil. Estiveram na mesa: José Sérgio Gabrielli (INEEP), Uallace Moreira (MDIC), Luciana Costa (BNDES) e Camilo Adas (SAE Brasil). 

Durante sua fala, a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, comentou que o debate da descarbonização e transição energética estão alinhadas às missões que constam na Nova Indústria Brasil (NIB). 

Para ela, as condições naturais do Brasil colocam o país como um território propício para realizar as mudanças de matrizes energéticas. Segundo Luciana, quando comparado a outros países, o país detém as maiores reservas de água doce do mundo, além da maior floresta tropical e biodiversidade do planeta. 

Os convidados também falaram sobre a transição que precisa ser feita nos veículos brasileiros, que caminham para a eletrificação. “Não temos a pressão de eletrificar os veículos tão rapidamente porque a maioria dos carros no Brasil já são movidos à etanol”, disse a especialista. Que reforçou que, mesmo com uma parte do caminho andado, é preciso seguir ampliando esse debate.

Descarbonização é um caminho sem volta

Já na parte da tarde a discussão aconteceu em torno das alternativas para o Brasil quanto a descarbonização. Nesta mesa, os participantes foram: Gustavo Bonini (ANFAVEA), Luciano Coutinho (Fiesp e LCA Consultoria), Edgar Barassa (UNICAMP e Barassa e Cruz Consulting), Wellington Damasceno (SMABC). 

Na abertura da mesa, especialistas defendem que descarbonizar é um caminho sem volta já que as empresas e instituições estão cada vez mais engajadas em diminuir seus impactos ambientais. 

Para Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, atualmente existe a possibilidade do país utilizar um leque diversificado de fontes energéticas para diminuir os efeitos do carbono produzidos pelo setor automotivo. “O futuro não será apenas elétrico, mas eclético”. 

Ele também mencionou as iniciativas governamentais que vão ao encontro do movimento global de descarbonização. “Estamos ganhando eficiência energética por ter uma política pública decente e eficiente, além dela fomentar a descarbonização ela trabalha com pesquisa e desenvolvimento”, afirmou.

Transição justa

Wellington Damasceno, diretor executivo do SMABC, colocou no centro do debate o papel dos trabalhadores nesse processo. Em sua intervenção, Damasceno ressaltou que o lugar dos sindicatos nessas discussões não é apenas de pensar na qualificação dos trabalhadores diante dessa discussão. 

“Este seminário mostra a intenção do Sindicato de fazer parte dos diversos atores que estão pensando nessas questões”, disse. O diretor sindical comentou que o termo mais efetivo para atribuir ao tema é “transição justa” que, em linhas gerais, significa colocar o mercado, trabalhadores, academia e governo em paridade na tomada de escolhas para o futuro da indústria brasileira. 

Wellington defende que os impactos de território e sociedade precisam ser levados em consideração. Isso porque, na visão do sindicalista, hoje o país conta com um polo industrial grande que pode ser melhor explorado “As mudanças precisam manter, também, a sustentabilidade social. Precisamos pensar no futuro e em como preservar e criar novos empregos”, ressaltou.

O encontro foi realizado pelo SMABC e apoiado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), IndustriALL-Brasil, Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC, Universidade Federal do ABC e CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT).

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Carbono descarbonização mobilidade NIB Nova Indústria Brasil tecnologias Transição energética
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