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Reforma política

Dilma pede, mas Congresso reitera que chance de plebiscito é remota

Coordenador de grupo de trabalho, Cândido Vaccarezza, do PT da presidenta, rejeita aprovar mudanças 'a toque de caixa'. Colegas dele não dispensam férias que burlam regimento

Rede Brasil Atual
Zeca Ribeiro/Câmara
O plenário vazio é o desfecho das respostas do Congresso às manifestações de junho

O plenário vazio é o desfecho das respostas do Congresso às manifestações de junho

Apesar de a presidenta Dilma Rousseff ter declarado, durante a manhã, acreditar que ainda possa vir a ser realizado um plebiscito para a reforma política, a primeira reunião do grupo de trabalho que discute uma proposta de reforma na Câmara dos Deputados, na quarta-feira, dia 17, praticamente descartou essa possibilidade. A informação foi repassada pelo coordenador do grupo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), e os parlamentares só divergiram sobre o ano em que passarão a valer as novas regras: alguns sugerem que seja nas eleições municipais de 2016, outros que venham a vigorar somente em 2018.

“Esse adiamento servirá para distender os conflitos políticos motivados por qualquer tipo de interesses individuais por parte dos parlamentares”, ressaltou Vaccarezza ao acentuar que “fazer a reforma para entrar em vigor nas próximas eleições seria o mesmo que dizer que a proposta iria ser formatada a toque de caixa”.

Nesta primeira reunião, foram acertados outros três itens: a inclusão da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) na equipe, como representante da bancada feminina; a definição de um ou dois representantes da equipe para ficar em Brasília no atendimento às demandas da população durante o período de recesso branco e o calendário das reuniões, que contará com audiências e encontros dos participantes do grupo com representantes da sociedade civil organizada e de movimentos sociais. Estão definidas, dentre estas reuniões, contatos com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com o Movimento Nacional de Combate à Corrupção (MCCE), em datas a serem agendadas.

Recesso

Em relação ao recesso, por outro lado, Vaccarezza disse que ele mesmo se dispõe a ficar em Brasília ao longo do período. A necessidade de que isso aconteça foi considerada para que possam ser recebidas e avaliadas em tempo hábil, tanto as sugestões dos deputados e partidos políticos à proposta, como para o recebimento de mensagens por meio do canal específico a ser criado no site da Câmara, que tratará apenas de sugestões e opiniões sobre a reforma por parte da população. Afinal, o grupo tem 90 dias para elaborar uma proposta e é preciso correr. Quanto ao portal que está sendo formatado, ficará hospedado no link e-democracia, na página da Casa.

Mesmo havendo consenso em relação a essa questão, o recesso continuou sendo objeto de questionamento por um bom período da reunião. O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que desde a última semana se manifestou contrário à iniciativa do Congresso de parar os trabalhos, cobrou dos colegas o pleno funcionamento do grupo nas duas próximas semanas. Segundo ele, a iniciativa seria uma forma de “dar um exemplo”, uma vez que o grupo se propõe a reformar a política brasileira. “Pela Constituição, se não temos uma redação para a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não podemos ter recesso. O que está acontecendo é um jeitinho que burla a Constituição”, criticou.

Conforme ficou combinado, o grupo de trabalho terá reuniões todas as quintas-feiras a partir das 9h, com datas programadas para os dias 31 de julho, 8 e 15 de agosto. No dia 22 de agosto, a equipe se reunirá internamente para discutir que tipo de proposição legislativa terá o formato do trabalho: se projeto de lei ou proposta de emenda constitucional. E, também, se será mesmo realizado um referendo para submissão da matéria à população – iniciativa que tanto o coordenador da equipe como o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), deixaram claro que articulam para que possa se realizar.

Quanto aos itens a serem reformulados, sabe-se que embora os parlamentares devam aproveitar os próximos dias para conversar com suas bases mais detalhes sobre os temas que deverão nortear a proposta, os deputados do PMDB têm sido categóricos em defender, dentre os pontos principais, o fim da reeleição para o Executivo a partir de 2018 e avaliação sobre a questão das doações de campanha exclusivas para os partidos. Já o PT pediu para serem observadas regras referentes a cotas para as mulheres nas candidaturas.

Participaram do encontro, além de Vaccarezza, os deputados Ricardo Berzoini (PT-SP), Marcelo Castro (PMDB-PI), Marcus Pestana (PSDB-MG), Guilherme Campos (PSD-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Luciano Castro (PR-RR), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Miro Teixeira (PDT-RJ), Antonio Brito (PTB-BA), Leonardo Gadelha (PSC-PB), Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e Sandro Alex (PPS-PR).

Plebiscito

Antes de a reunião ser realizada, por sua vez, o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), que ainda pretende recolher assinaturas para um projeto de decreto legislativo sobre a realização de um plebiscito confirmou que a proposta de consulta popular teve reduzidas de cinco para três o número de perguntas a serem feitas.

Serão abordadas, portanto, caso a consulta ainda venha a ser aprovada pelo Congresso, perguntas sobre temas referentes ao sistema eleitoral, financiamento de campanha e mecanismos de participação popular. Guimarães disse esperar que a matéria seja finalizada e apresentada à mesa diretora até o dia 10 de agosto. Para isso, precisará receber 171 assinaturas de parlamentares. Além do PT, ele pretende contar com o apoio de deputados do PC do B e do PDT.

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