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Esporte e política

Dia Nacional do Atleta: Quando esporte e política se encontram

Diferentemente do que é propagado, política e esporte se misturam em vários períodos. Confira alguns momentos na história em que os dois temas se fundiram por meio de protesto dos atletas

Imprensa SMetal
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Tentar negar aos atletas a possibilidade de participação e expressão política é apenas mais uma das tentativas de reduzir o esporte ao patamar de “ópio do povo”

Tentar negar aos atletas a possibilidade de participação e expressão política é apenas mais uma das tentativas de reduzir o esporte ao patamar de “ópio do povo”

Tentar negar aos atletas a possibilidade de participação e expressão política é apenas mais uma das tentativas de reduzir o esporte ao patamar de “ópio do povo”. Durante a história, vários momentos foram marcados por protestos políticos de movimentos sociais. Nas quadras, campos, ginásios e arenas não foi diferente.

Desde os protestos de 1968 aos movimentos anti-racistas na NBA dos tempos atuais, os atletas, que comemoram seu dia nesta segunda-feira (21 de dezembro), têm relevância e importância política. Confira alguns momentos em que este grupo utilizou sua influência para abordar temas socialmente necessários.

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John Carlos e Tommie Smith - ouro e bronze nos 200 metros rasos do atletismo, protestam de punhos cerrados em alusão ao movimento Black Power

John Carlos e Tommie Smith – ouro e bronze nos 200 metros rasos do atletismo, protestam de punhos cerrados em alusão ao movimento Black Power

As Olimpíadas de Tommie Smith, John Carlos, Lee Evans, Larry James e Ronald Freeman

Em 1968, o mundo vivenciava diversas tensões. Nos Estados Unidos, a Guerra do Vietnã assolava uma nação, violando todos os princípios possíveis de direitos humanos. Os movimentos sociais foram críticos ao conflito armado, endossado pelo governo estadunidense.

Neste período também ocorreu o assassinato de Martin Luther King, um grande líder que lutou contra o racismo nos EUA e morreu em circunstâncias misteriosas, nunca esclarecidas. O fato desencadeou diversos protestos pelo mundo, um deles foi protagonizado pelos atletas Tommie Smith, John Carlos, Lee Evans, Larry James e Ronald Freeman.

O Projeto Olímpico de Direitos Humanos (OPHR) foi fundado com a finalidade de protestar contra a segregação racial nos Estados Unidos e, conforme foi angariando mais membros, cresceu e tomou novas proporções. Eles ameaçaram boicotar as olimpíadas que aconteceriam na Cidade do México naquele ano (1968) caso algumas medidas antirracistas não fossem estabelecidas.

Muitas delas não foram acatadas mas, mesmo assim, os atletas decidiram competir e, à sua maneira, protestar. A foto abaixo é de John Carlos e Tommie Smith – ouro e bronze nos 200 metros rasos do atletismo – com punhos cerrados em alusão ao movimento Black Power.

Sócrates, Diretas Já e a Democracia Corintiana

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Jogadores do Corinthians utilizam uniforme convidando a população à votar nas eleições diretas de 1985

Jogadores do Corinthians utilizam uniforme convidando a população à votar nas eleições diretas de 1985

em manifestação política no esporte, a nível nacional, não seria possível sem mencionar o movimento Democracia Corintiana. Quando o país passava por duros anos da Ditadura Militar (1964/1985), o esporte mais uma vez teve papel fundamental na propagação de mensagens democráticas.

O Corinthians, já conhecido por sua origem popular, teve diversos representantes pela democracia neste período: Sócrates, Wladimir, Casagrande, Zenon e outros ex-atletas do Timão foram figuras importantes nas manifestações pelas eleições diretas no país que vivia uma ditadura.

Além disso, a gestão do clube alvinegro também passou a ser mais clara e compartilhada, a partir da gestão de Adilson Monteiro Alves.

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Kathrine Switzer foi agredida enquanto tentava completa a Maratona de Boston, em 1967

Kathrine Switzer foi agredida enquanto tentava completa a Maratona de Boston, em 1967

A maratona de Kathrine Switzer

O vídeo de um organizador segurando uma mulher agressivamente, para que ela não pudesse correr a Maratona de Boston, em 1967, até hoje circula pelas redes sociais. A pessoa em questão é a maratonista Kathrine Switzer – a primeira mulher a oficialmente completar o famoso circuito de corrida.

À época, ela foi verbalmente e fisicamente agredida enquanto tentava percorrer os 42 quilômetros do trajeto. Um juiz, inclusive, tentou impedi-la de participar da prova. Hoje, passamos 53 anos, Kathrine tem uma militância ativa pelas mulheres nos esportes, além de ter solidificado uma carreira brilhante como maratonista.

As quadras na NBA

Em agosto deste ano, Jacob Blake, um homem negro, foi assassinado com diversos tiros pelas costas. Em protesto contra mais este caso de violência policial, os jogadores do clube Milwaukee Bucks, da NBA (National Basketball Association), a liga estadunidense de basquete, se recusaram a entrar em quadra pelos playoffs.

O levante antirracista persiste na NBA. Diversos jogadores, membros de comissões técnicas e outros profissionais envolvidos neste esporte, protestam jogo a jogo com dizeres “Vidas Negras Importam” e palavras como “igualdade” e “equidade” estampadas nas quadras e camisas de estrelas como LeBron James, Jimmy Buttler e Dwyane Wade.

Carol Solberg, advertência e valentia

Outra atleta que se demonstrou politicamente ativa foi a jogadora de vôlei Carol Solberg. Em setembro deste ano, após conquistar a medalha de bronze no Circuito Brasileiro, Carol comemorou seu feito expressando uma opinião política comum nos dias de hoje. Ao-vivo, em transmissão televisionada, a atleta gritou “Fora Bolsonaro”.

A valentia em expor sua percepção, no entanto, não foi bem recebida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que advertiu a jogadora. Em julgamento posterior, ela foi inocentada por 5 votos a 4 na última instância do esporte.

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