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PODER DE COMPRA

Dez anos atrás, cesta básica custava 62% do salário mínimo; hoje custa 89%

Há 10 anos, o sorocabano pagava R$ 391,20 por produtos de uma cesta básica que, hoje, custa R$ 1.083,34; com a gasolina não é diferente, um tanque de 55 litros que antes custava R$ 150, atualmente sai por R$ 401

Fábio Jammal Mackoul, do Portal Porque
Divulgação
A perda do poder de compra dos sorocabanos mostra que o crescimento do salário mínimo não acompanhou a disparada no preço dos produtos da cesta básica

A perda do poder de compra dos sorocabanos mostra que o crescimento do salário mínimo não acompanhou a disparada no preço dos produtos da cesta básica

Há exatamente 10 anos, o sorocabano pagava R$ 391,20 pelos produtos da cesta básica. O valor consumia 62% do orçamento do trabalhador que recebia um salário mínimo de R$ 622. Hoje, a cesta básica em Sorocaba custa R$ 1.083,34 e consome 89% de um salário mínimo de R$ 1.212.

A perda do poder de compra dos sorocabanos mostra que o crescimento do salário mínimo não acompanhou a disparada no preço dos produtos da cesta básica que, em Sorocaba, cresceu 276% na última década. Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 194%.

Se 10 anos atrás o salário mínimo comprava uma cesta básica e mais 60% de outra em Sorocaba, agora ele só compra uma cesta básica e mais 10%, conforme mostram os dados do levantamento mensal feito pela Uniso (Universidade de Sorocaba).

Com o preço do combustível não é diferente. Levantamento feito pela Revista Piauí mostra que 10 anos atrás era possível abastecer, com gasolina, quatro vezes o tanque de um carro Gol com um salário mínimo. Hoje, dá para abastecer apenas três vezes.

Encher um tanque de 55 litros custava R$ 150 em maio de 2012. Já na primeira semana de maio de 2022, abastecer o mesmo taque custava R$ 401. Frente à gasolina, o poder de compra do salário mínimo foi reduzido em 25% em uma década.

O FATOR BOLSONARO

Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro presidente do Brasil desde o Plano Real, em 1994, a terminar seu mandato com o salário mínimo valendo menos do que quando entrou, segundo levantamento feito no início deste mês pelo jornal O Globo. Dos sete governos que o Brasil teve desde 1994, todos os presidentes, com exceção de Bolsonaro, conseguiram reajustar o salário mínimo com valores acima da inflação, ou seja, garantiram o poder de compra.

Sob o governo Bolsonaro, o Brasil terá uma perda de 1,7%, até o final do ano, segundo os cálculos feitos pela corretora Tullet Prebon Brasil e publicados pelo jornal O Globo. A baixa, contudo, pode ser ainda maior se a inflação acelerar mais do que o previsto pelo mercado.

A perda percentual significa uma queda no piso salarial de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 a dezembro de 2022. De acordo com o relatório da corretora, a perda inédita está relacionada ao ajuste fiscal do governo e à aceleração da inflação.

Desde que assumiu, Bolsonaro abandonou a política de valorização real do salário mínimo, criada nos governos de Lula e Dilma. Há três anos, não há aumento real do piso como previa a regra de correção, que considerava a inflação do ano mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. De 2019 para cá, o governo apenas reajusta a perda resultante da inflação anual acumulada, que é obrigatória pela Constituição.

O valor do mínimo, sem qualquer ganho real de poder de compra, já havia rendido ao Brasil, no começo deste ano, o posto de segundo país com o menor salário mínimo, conforme estudo da plataforma CupomValido, que levou em comparação os 35 países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O México oferece o pior piso, seguido pelo Brasil.

Entre 2003 e 2016, nos governos do PT, o salário mínimo teve um aumento real (acima da inflação) de 59,21%. Já no governo de Michel Temer (MDB), de 2016 a 2018, o aumento real acumulado do mínimo foi de 0,79%. Com Bolsonaro, não houve um centavo de reajuste acima da inflação.

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