Bolsonaro e Paulo Guedes preparam uma bomba para os trabalhadores, aposentados e pensionistas. Isso porque, se reeleito, o atual presidente tem planos de mudar a forma com que os reajustes dos salários acontecem. A tal desindexação projetada por Guedes reduz as chances de aumento real nos salários e isso afeta todo mundo. A estimativa é que 70 milhões de brasileiros sejam impactados.
O presidente do SMetal, Leandro Soares, classifica a proposta do governo como incabível. “Nos últimos anos, sofremos com inúmeros ataques aos direitos trabalhistas e também com a tentativa de Bolsonaro de implantar medidas contra os trabalhadores, como foi o caso da Carteira Verde e Amarela. Não podemos arriscar e ter a chance de Bolsonaro ser reeleito com poder de colocar essa atrocidade em prática. Temos que derrotar essa proposta e esse governo que só prejudica os brasileiros já no dia 30 de outubro. Esse é um compromisso com o nosso futuro”. Entenda como a política proposta pelo atual governo vai afetar sua vida:
O que é desindexação da economia
Na prática, hoje o salário mínimo é reajustado com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Enquanto para quem recebe acima disso, os sindicatos usam o INPC de um determinado período como parâmetro inicial para negociar o reajuste salarial.
A proposta de Guedes é abandonar esse método e aplicar a meta da inflação. Ou seja, a previsão de quanto seria essa inflação em um certo período. O grande problema é que a inflação de fato pode ser maior do que a projetada. Dessa maneira, o trabalhador teria perda salarial.
Para se ter uma ideia, se o plano de Guedes fosse aplicado desde 2002, o salário mínimo hoje seria de R$ 502.
Como isso afeta o reajuste dos metalúrgicos
O Sindicato usa como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para negociar os reajustes salariais da categoria. A data-base dos metalúrgicos considera o período de setembro a agosto. Então, pega-se o quanto deu de inflação nesse período e usa como parâmetro para que seja o reajuste mínimo da categoria.
Se o plano de Bolsonaro e Guedes for colocado em prática, significa que o INPC pode deixa de ser o parâmetro para as negociações com as bancadas patronais e, com isso, fica muito difícil garantir a valorização salarial dos trabalhadores, podendo acontecer grandes perdas.
Por exemplo, de setembro de 2021 a agosto de 2022, os metalúrgicos da base do SMetal tiveram 8,83% de desvalorização salarial, considerando o INPC. Se fosse considerada a meta de inflação, esse valor seria de 3,5%. Ou seja, a categoria teria como base 3,5% de reajuste no salário, enquanto a inflação de fato fecharia em 8,83%, gerando uma perda de quase 5% no bolso dos metalúrgicos.
Salários iniciais da categoria seriam menores
Se a proposta de Guedes fosse adotada para os metalúrgicos, por exemplo, o salário de admissão de uma empresa fabricante de máquinas e equipamentos eletrônicos, que hoje parte de R$ 1.756,09, seria de apenas R$ 1.183,73.
No caso de uma grande fábrica de autopeças, que atualmente garante o salário de admissão a partir de R$ 1.807,00, o valor seria de R$ 1.167,37.
Quem implantou a valorização salarial
Hoje o salário mínimo está em R$ 1.212. Isso porque, desde 2005, no governo Lula, o reajuste passou a ser determinado pela inflação (INPC) do ano anterior, além de aumento real. Essa foi a mesma política adotada pela presidenta Dilma.
Com isso, o salário mínimo teve aumento real de 54% com Lula e 15,30% com Dilma. Já com Bolsonaro, não houve aumento real do salário mínimo.
Com Lula e Dilma, categoria teve aumento real
Com a valorização salarial implantada por Lula e seguida por Dilma, os metalúrgicos da base do SMetal tiveram aumento real.
Foram 23,61% de aumento real com Lula e 8,53% com Dilma. Já no governo Bolsonaro, o reajuste acima da inflação ficou em apenas 0,66%.