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De passatempo ao título mundial

Sem patrocínio, jovem de Piedade vence o mundial de luta de braço e está atrás de apoiadores para se manter no esporte

Revista Ponto de Fusão - Fernanda Ikedo
Reprodução

Uma das lutas vencidas por Renata durante o 37° Campeonato Mundial de Luta de Braço, Malásia

A queda de braço, também conhecido por braço de ferro, é um esporte que pode integrar as próximas Olimpíadas, de 2020, em Tokio, no Japão. Esse é o sonho da piedadense Renata Lemes Vieira da Silva, que tem apenas 21 anos e já é campeã mundial na modalidade.

Sua trajetória começou como uma simples brincadeira na família. Ela conta que um tio gostava de lançar desafios para ela, que apesar de aparentar um porte físico frágil, conseguia surpreender com a força nos braços e mãos.

“Um dia eu estava passando na praça central e estava acontecendo um campeonato municipal de luta de braço. Meu tio me puxou e me incentivou a participar e acabei me inscrevendo como se fosse um passatempo”. Ela tinha apenas 13 anos e esse momento foi o impulsionador de sua carreira, pois Renata acabou vencendo a todos – mesmo sem experiência – inclusive os esportistas que integravam a equipe da cidade.

“Joguei absoluto” – o que significa que lutou contra todos os atletas – e, para a surpresa de todos, a menina até então desconhecida no esporte, com seus 13 anos e aparência mirrada, levou o troféu para a casa.

Depois desse campeonato, que era apenas para ser uma brincadeira, Renata tomou gosto pela modalidade e começou a participar de outros campeonatos e, em 2011, aos 16 anos, ela foi para uma campeonato fora da cidade. Nunca mais parou.

A moradora de Piedade tem uma filha de dois anos e mora com os pais na zona rural da cidade. Ela treina musculação e técnicas de mesa para a luta de braço diariamente, mesmo sem nenhum patrocínio.

Conquista mundial

Em maio deste ano ela participou do Campeonato Paulista, com direita e esquerda, na modalidade 55 quilos sênior.

Mas o campeonato que marcou sua vida mesmo não poderia ter sido outro além do Mundial que ocorreu em setembro de 2015, na Malásia (continente asiático).

Ela conseguiu o apoio da Prefeitura de Piedade para custear as passagens e ouviu de seu treinador “que se ganhar de uma russa já está ótimo”. Assim como da primeira vez que participou de um campeonato, Renata com seus 56 quilos e 1,65m, arrebatou o troféu mais cobiçado dos atletas de queda de braço.

Nesse mundial ela enfrentou seis atletas mulheres, incluindo duas russas – as mais temidas.

Patrocínios

A atleta da região aguarda o resultado do Bolsa Atleta para custear suas despesas, mas tem a expectativa de receber apoio de empresários de Piedade e da região que queiram incentivar o esporte e motivar a trajetória da
campeã.

“Nem sei explicar a emoção que senti quando ganhei o Mundial. Mas é no dia a dia que o esporte muda a vida da gente”, conta.

Além da despesa do transporte que Renata tem de sua casa para o centro da cidade para os treinos, ainda tem despesa com suplementos e com os custos dos campeonatos que são sempre longe, em outros estados, além dos realizados em outros países. Nesses casos, ela calcula que o investimento seria de R$ 8 mil por atleta.

Quando retornou da Malásia Renata concedeu várias entrevistas para veículos especializados e o município de Piedade realizou comemorações para receber a atleta.

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